Procura-se mecenas
Leonardo Brant | sábado, 19 fevereiro 2011
Já não existem mais mecenas como antigamente. Esse tipo de investidor “desinteressado”, voltado pura e simplesmente para o reconhecimento, valorização e fortalecimento da arte e do artista, está com os dias contados. Para esse nosso mecenas imaginário e utópico, arte não se enquadra em linhas estratégicas, não precisa se adequar à política cultural de organizações e governos.
Historicamente, essa figura era muito comum nas relações de poder das cortes, igrejas e elite burguesa. Mas os novos tempos (de mídia, consumo, espetáculo e Internet) exigem novos mecenas. No Brasil contemporâneo, falta-nos a grande figura do investidor das artes. Alguém que ocupe o posto que já foi de Cicillo Matarazzo, Assis Chateubriand, Castro Maya. O brilho maculado do mecenas brasileiro carrega a feição vaidosa do encarcerado Edemar Cid Ferreira.
Mas neste vazio das elites brasileiras, há de se destacar o trabalho de famílias como Moreira Salles, Marinho, Setúbal e Andrade Gutierrez, que figuram entre os grandes colecionadores arte e conduzem empreendimentos culturais com investimentos próprios de grande monta, além de conduzirem programas sólidos e continuados, de interesse público, além de fazerem o justo uso das Leis de Incentivo, coisa incomum na lógica vigente do mecenato empresarial.
Mas uma coisa mudou nas relações de mecenato. O artista deixou de ser o alvo dos investimentos, que passaram a abarcar processos mais complexos e políticas culturais ou de patrocínio. Via de regra, essas políticas dão conta de posicionar, agregar valor, ditar comportamentos e modos de vida a uma esfera simbólica predeterminada, geralmente uma marca empresarial. Para receber o benefício do mecenas, o artista precisa se enquadrar, nesta ou naquela política, pública ou privada.
Num mundo de cultura participativa, de redes e telas convergentes, o mecenato precisa contaminar toda a sociedade. Para que isso ocorra, precisaríamos ter um tipo de consciência coletiva sobre a necessidade de investirmos todos em processos criativos, analisando os efeitos de cada real doado ou investido (ingresso, livro, CD…) sobre o nosso imaginário coletivo, em busca de autonomia e liberdade.
Cultura e Mercado retoma esta semana o CeMcast, com uma entrevista esclarecedora com Karina Buhr, autora da Ciranda do Incentivo, que debocha e dá o recado sobre a (dis)função do patrocínio sobre carreiras e processos criativos. Aguarde!
Historicamente, essa figura era muito comum nas relações de poder das cortes, igrejas e elite burguesa. Mas os novos tempos (de mídia, consumo, espetáculo e Internet) exigem novos mecenas. No Brasil contemporâneo, falta-nos a grande figura do investidor das artes. Alguém que ocupe o posto que já foi de Cicillo Matarazzo, Assis Chateubriand, Castro Maya. O brilho maculado do mecenas brasileiro carrega a feição vaidosa do encarcerado Edemar Cid Ferreira.
Mas neste vazio das elites brasileiras, há de se destacar o trabalho de famílias como Moreira Salles, Marinho, Setúbal e Andrade Gutierrez, que figuram entre os grandes colecionadores arte e conduzem empreendimentos culturais com investimentos próprios de grande monta, além de conduzirem programas sólidos e continuados, de interesse público, além de fazerem o justo uso das Leis de Incentivo, coisa incomum na lógica vigente do mecenato empresarial.
Mas uma coisa mudou nas relações de mecenato. O artista deixou de ser o alvo dos investimentos, que passaram a abarcar processos mais complexos e políticas culturais ou de patrocínio. Via de regra, essas políticas dão conta de posicionar, agregar valor, ditar comportamentos e modos de vida a uma esfera simbólica predeterminada, geralmente uma marca empresarial. Para receber o benefício do mecenas, o artista precisa se enquadrar, nesta ou naquela política, pública ou privada.
Num mundo de cultura participativa, de redes e telas convergentes, o mecenato precisa contaminar toda a sociedade. Para que isso ocorra, precisaríamos ter um tipo de consciência coletiva sobre a necessidade de investirmos todos em processos criativos, analisando os efeitos de cada real doado ou investido (ingresso, livro, CD…) sobre o nosso imaginário coletivo, em busca de autonomia e liberdade.
Cultura e Mercado retoma esta semana o CeMcast, com uma entrevista esclarecedora com Karina Buhr, autora da Ciranda do Incentivo, que debocha e dá o recado sobre a (dis)função do patrocínio sobre carreiras e processos criativos. Aguarde!
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