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quarta-feira, 16 de março de 2011

Poema

A CHUVA

A chuva escreve
na partitura das árvores
um som contido e cristalino,
envolve a mata em água,
traz até a casa
novelos de um passado contínuo.

Posso ouvir meus ancestrais
entre as dobras da chuva:
havia um tio que tocava violino,
escuto seus passos em cima
do telhado
e minha avó soprava o tempo
para que um dia
eu nascesse e a guardasse
num porta-retratos.
Roseana Murray
in Diário da Montanha

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