Pantanal
O Pantanal é uma planície sedimentar inserida na Bacia do Alto Paraguai, com cerca de 250.000 km², sendo 160 mil km² em território brasileiro, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É formado por um conjunto de vastos rios, águas temporárias, pequenos lagos, florestas, campos – a maior área úmida continental do planeta. Adjacentes a planície pantaneira, estão os planaltos com altitudes superiores a 200 m, onde nascem os rios desta região. É reconhecido internacionalmente como Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera e, felizmente, ainda encontra-se relativamente conservado.
Segundo estudos desenvolvidos pela Embrapa Pantanal, os bens e serviços ambientais oferecidos pelos ecossistemas pantaneiros custam, pelo menos, 112 bilhões de dólares por ano. Entretanto o Pantanal não é propriamente um bioma ou ecossistema único, mas uma região de encontro, um elo de ligação entre Cerrado, Chaco, Amazônia, Mata Atlântica e Bosque Seco. Essa característica favorece a diversidade de espécies e a interação entre fauna e flora. Nele existem pelo menos 3.500 espécies de plantas, 550 de aves, 124 de mamíferos, 80 de répteis, 60 de anfíbios e 260 espécies de peixes de água doce, sendo que algumas delas em risco de extinção.
Desde a década de 1970 as intervenções humanas foram intensificadas principalmente nos planaltos circundantes, ameaçando o funcionamento hidro-ecológico e, conseqüentemente, as relações ecossistêmicas. A ameaça mais crítica está relacionada à alteração da hidrodinâmica dos rios, afetando a vazão e o período das enchentes e, conseqüentemente, os ciclos de cheia e secas que interfere em todo o sistema. O aumento da sedimentação em decorrência do desmatamento e erosão associados ao inadequado uso da terra é um dos principais impactos negativos sobre os rios pantaneiros.
Serviços ambientais são benefícios que a natureza viabiliza para a sociedade e que resultam do bom funcionamento dos ecossistemas. Os serviços ambientais oferecidos pelo Pantanal sustentam atividades econômicas tradicionais como a pesca, o turismo e a pecuária. Dentre esses bens e serviços podemos destacar:
- as pastagens nativas que sustentam a pecuária de corte, principal atividade econômica da região;
- os peixes que sustentam a pesca profissional e esportiva, representando a segunda atividade econômica pantaneira.
- a apicultura baseada nas plantas apícolas nativas e que tem possibilidade para produção de mel de alta qualidade e passível de exportação;
- os animais da fauna nativa, como jacarés e capivaras com potencialidades para criação em cativeiro visando a produção de carne, couro e outros derivados;
- o turismo ecológico que pode ser considerado um bem de valor econômico indireto, juntamente com a fauna e flora altamente diversificadas;
- as espécies vegetais como a Oriza glumaepatula, o arroz selvagem do Pantanal que é um exemplo de bem econômico com potencial para proporcionar melhoramento genético visando o aumento de produção, qualidade do grão e resistência a doenças;
- as plantas de valor medicinal que a população local vem utilizando com base no conhecimento tradicional e além de plantas com reconhecido valor de mercado, como o ginseng do Pantanal e o nó-de-cachorro;
- a imensa reserva de água doce que é acumulada no período da cheia e liberada gradualmente no restante do ano, propiciando a navegabilidade ao longo do rio Paraguai e evitando inundações severas na Argentina e no Paraguai, um serviço ambiental de difícil avaliação, mas de fácil percepção;
- o acúmulo de água que permite o desenvolvimento da flora e fauna aquáticas, bem como a regulação dos ambientes terrestres, através do lençol freático;
- as altas temperaturas e a abundância de água propiciam o desenvolvimento de plantas terrestres e aquáticas que constituem um volume extraordinário de biomassa, com grande potencial de aproveitamento pelos herbívoros;
- o refúgio de espécies ameaçadas como a arara azul, a ariranha, o cervo e a onça pintada, um serviço ambiental possibilitado pelo estado de conservação do Pantanal em contraste com as regiões vizinhas;
- a área de invernada e de descanso de aves migratórias, um benefício que pode ser contabilizado em escala planetária, pois existem espécies que realizam migração regional, continental e entre os hemisférios norte e sul;
- os outros serviços como o valor estético das paisagens pantaneiras consideradas como atrativos turísticos.
O transporte fluvial feito através dos rios formadores do Pantanal também pode ser considerado um serviço ambiental importante que hoje encontra-se comprometido pelo assoreamento. Nesta situação está o rio Taquari, o mais importante afluente do rio Paraguai. Em 2008, através da AHIPAR-Administração da Hidrovia do Paraguai foi apresentado um conjunto de proposições com o objetivo de viabilizar a gradativa recuperação da navegabilidade do rio Taquari, com base na identificação e solução dos problemas hoje existentes no baixo curso deste rio que é de vital importância para a região pantaneira. Infelizmente, até o momento nada foi feito.
(Artigo publicado na coluna AMBIENTE EM TRANSE do Jornal da Cidade Online - http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=3444)
Postado por Leonam Souza
créditos, link aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário