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domingo, 29 de janeiro de 2012

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Helio Mattar: o futuro do consumo e a Rio+20

Pelo segundo ano consecutivo, o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e o Worldwatch Institute (WWI) selaram parceria para publicação do relatório Estado do Mundo em língua portuguesa. O lançamento da edição 2011 ocorreu em outubro. Nesta entrevista, Helio Mattar, presidente do Akatu e conselheiro do Planeta Sustentável, fala sobre os resultados deste trabalho e também sobre suas expectativas para a Rio+20, as novas normas do Conar para a publicidade de sustentabilidade e sobre o consumidor do futuro, em uma economia verde

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Quais os resultados mais importantes do relatório "Estado do Mundo 2011"? As inovações para manter o homem no meio rural e garantir a sustentabilidade no campo são os temas centrais do relatório anual Estado do Mundo de 2011 - Inovações que Nutrem o Planeta* (leia a reportagem Estado do Mundo 2011: inovações que nutrem o planeta). Eu diria que ele é importante em vários aspectos, a começar pelos desafios que aponta para a humanidade. Afinal, quase um bilhão de pessoas ainda passam fome enquanto um terço dos alimentos é desperdiçado. Além desse urgente desafio social, temos desafios econômicos e ambientais gigantescos, como a substituição dos combustíveis fósseis, a garantia de água para o consumo atual e futuro, a preservação e melhoria de solos agricultáveis, os sistemas de escoamento e distribuição da produção.

Mas, felizmente, o relatório indica também que há condições de produzir suprimentos adequados em termos de alimentos saudáveis e, ao mesmo tempo, promover a regeneração ecológica, melhorar a justiça social e combater globalmente o aquecimento do planeta e as mudanças climáticas. Executar as mudanças necessárias exige conscientização e mobilização dos cidadãos, cooperação dos diversos agentes econômicos e sociais, firme compromisso e determinação política, a partir de uma compreensão clara das origens da pobreza e da fome e, naturalmente, de uma forte disposição para mudar.

Em um mundo de 7 bilhões de pessoas, será possível atender a maior demanda de consumo sem pressionar ainda mais o planeta? O atual padrão de produção de bens e serviços é comprovadamente insustentável. O modelo de consumo, baseado no padrão das economias mais desenvolvidas, se fosse estendido a toda a população da Terra, exigiria mais de cinco planetas para satisfazer tal intensidade.

Hoje, em recursos renováveis, já consumimos 50% a mais do que o planeta consegue repor. E isso quando apenas 16% da população mundial é responsável por 78% do consumo total. Ainda assim, ao buscarmos modelos de produção e consumo diferentes - é para isso que o Akatu trabalha -, será possível fazer a transição para uma sociedade mais sustentável, seja do ponto de vista do equilíbrio ambiental como da justiça social, contemplando a inclusão de todas as pessoas num padrão digno de vida plena de sentido.

Penso que essa sociedade sustentável conseguirá fazer a transição do padrão de consumo excessivo e grandes desperdícios de hoje para um padrão de suficiência no consumo:
- de produtos descartáveis para duráveis;
- de produção fortemente globalizada para maior produção local;
- da posse individual de bens para o uso compartilhado dos mesmos;
- da produção baseada no fóssil para o renovável;
- do descarte de resíduos, como se fossem lixo, para sua reutilização e para a reciclagem;
- do tóxico para o não tóxico;
- do material para o virtual;
- do diluído para o concentrado e
- do desperdício para o aproveitamento integral de todos os recursos.

Além da escolha consciente, o consumidor precisa rever o alto desperdício. É simples combatê-lo? Embora, ao final das contas, a decisão seja do consumidor, a tarefa de reduzir o desperdício, no sentido de não comprar ou usar mais do que o necessário, depende de ações que não são empreendidas diretamente por ele. Como exemplo, é necessário incluir no processo educativo uma preparação para o consumo consciente, de forma a criar, já nas crianças, valores de sustentabilidade que possam apoiar as decisões de consumo pelo resto da vida. A atuação dos governos, no sentido de inovar em

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