MESTRE VITALINO (1909-1963)
Mestre Vitalino representou girafas da festa folclórica pernambucana “Boi-de-reis”!
Alto do Moura – bairro do município de Caruaru – Pernambuco (PE), Brasil
Considerada pela UNESCO como o maior Centro de Arte Figurativa das Américas, Alto do Moura, atualmente, abriga dezenas de pessoas que trabalham seguindo a “escola” de Mestre Vitalino...
A Arte Figurativa em Barro (argila, cerâmica) ou em Madeira, feita à mão, está presente sobretudo no Folclore de Pernambuco. Alguns exemplos desse artesanato: Roda de Capoeira, Presépios, Bumba-meu-boi, Lampião e Maria Bonita, Familia de Retirantes, Casais de Noivos fugindo a Jegue, Trio Nordestino, Xadrez e Damas etc.
A fotografia P&B de 1950, aproximadamente, mostra Mestre Vitalino tocando pífano, em zabumbas da região. A foto colorida retrata Mestre Vitalino segurando “bois”, uma de suas tantas criações.
O artesão mais famoso do lugar foi Vitalino Pereira dos Santos – Mestre Vitalino –, nascido em 10/07/1909 no distrito de Ribeira dos Campos, nas cercanias da cidade de Caruaru. Casado com Joana Maria da Conceição, segundo contam, era tímido, cordial, amigo de todos, católico tradicional, devoto de Padre Cícero e festeiro. Como muitos, era analfabeto, pois praticamente não existiam escolas na região.
O pai trabalhava na roça e a mãe, além de o ajudar, era louçeira. Fazia panelas, potes, jarros, alguidares, pratos, mealheiros etc. Vitalino, desde criança brincava modelando com as sobras de barro de sua mãe. Voltado para o lúdico, fazia bichos: cavalos, bodes, vacas etc. Note que, naquela época, as crianças, principalmente do interior, não tinham acesso a brinquedos produzidos industrialmente, como os de hoje. Para se entreter tinham que fazer eles próprios os seus objetos...
Aproveitando que o pai e o irmão vendiam na feira peças que sua mãe fazia, com 7 anos Vitalino passou a mandar os bichinhos e outras coisas que modelava. Com o tempo, começou a abordar outros temas e, assim, nasceu o registro do homem do agreste nordestino, através de cenas do cotidiano rural: sua gente, usos e costumes.
Mestre Vitalino, em 1947, continuava a viver da roça e de modelar bonecos. Estimulado pelo artista plástico e colecionador pernambucano Augusto Rodrigues, que admirava seu trabalho, foi morar em Alto do Moura, localidade próxima de Caruaru (8 quilômetros de distância), com sua mulher e filhos.
Em Alto do Moura, Vitalino ficou perto da famosa Feira de Caruaru, que tinha centenas de barracas onde se comercializava de tudo. Sua banca oferecia bonecos feitos de barro e, logo, seus trabalhos ganharam fama.
Com singular destreza, esculpia cenas do cotidiano sertanejo em que vivia – o que diferenciava dos trabalhos de outros artesãos. O sucesso de Mestre Vitalino como “bonequeiro” repercutiu junto aos seus companheiros de Alto do Moura, os quais passaram a esculpir bonecos também. Dentre eles, os principais:
o também famoso Zé Caboclo – José Antônio da Silva (1921-1973), um dos primeiros a exercer o ofício na região, atualmente representado pela Família Zé Caboclo
Manuel Eudócio – com seus filhos e netos produz peças de cores fortes e brilhantes
Luiz Antonio da Silva – representação com barro de cenas ligadas ao uso de máquinas, como “O fotógrafo com a sua câmera”
Elias Francisco dos Santos – produz peças representando animais e o famoso São Jorge Matando o Dragão
o lendário Manoel Galdino – de seu sobrinho, o artista Luiz Galdino (luizgaldinoartesanato@yahoo.com.br), trouxe uma girafa de barro adquirida na Rua Mestre Vitalino, 455 – Alto do Moura, Caruaru – Pernambuco (PE), em 07/05/08.
Ernestina, José Rodrigues, Elias Francisco, entre outros...
Importante salientar que tais seguidores contaram sempre com ajuda de Vitalino, pois não tinha medo da concorrência e via de bom grado a participação dos amigos, nunca se negando a transmitir seus conhecimentos e suas técnicas.
A amistosa relação mestre/discípulos criou um clima onde todos se ajudavam. Assimilavam entre si técnicas e temas. Muitas criações eram copiadas de um e produzidas por outro. Não havia o dono da cena, o detentor do direito daquela imagem.
Eis um exemplo: a modelagem da figura “Noiva na garupa do cavalo do noivo” (foto abaixo do lado direito da tela) foi criada por Vitalino, no entanto, Manuel Eudócio, Luiz Antonio e outros copiavam sem haver ressentimentos. Consideravam o plágio uma lisonja!
Dizem que o primeiro grande sucesso de Vitalino, dos 130 tipos que criou, foi a cena: “Gatos maracajás trepados numa árvore, acuados por um cachorro, e embaixo o caçador fazendo pontaria com a espingarda” (foto do lado esquerdo; a qual é uma réplica da peça original).
Contando com a expansão dos meios de comunicação, os “bonequeiros” passaram a ter conhecimento dos novos acontecimentos nacionais e internacionais, e os registravam através de seus trabalhos... Um dos exemplos mais significativos ocorreu quando o homem foi a Lua. Logo a seguir já havia boneco retratando um Astronauta. O “Oficial japonês” também virou boneco criado por Vitalino, certamente inspirado em imagem que viu da 2ª Guerra Mundial...
Funcionário da companhia de eletricidade trepado no poste fazendo reparo (chegada da eletricidade na cidade), Moça namorando de minissaia (quando a moda chegou), Voo de helicóptero (novidade nos céus), Time do Brasil campeão Mundial de Futebol (quando levantou o campeonato) e Roberto Carlos cantando (o rei nas paradas de sucesso).
A integração entre o pessoal de Alto do Moura era tanta que haviam “bonequeiros” que dividiam um mesmo espaço, trabalhando no mesmo cômodo da casa. Na hora de colocar a marca de autoria na peça, não era usual assinar e sim marcar com carimbo, de tão amigos que eram, usavam, se necessário, o carimbo do colega, pelas mais diversas razões: não possuíam, tinham perdido o seu, etc. Mas, entre eles, cada um sabia o que tinha feito, o que era seu, que tinha seu traço, seu estilo.
Outra prática que ocorria era vender trabalhos sem gravar o nome do autor. Tanto que é comum encontrar, hoje em dia, entre as peças expostas em museus e constantes em livros e catálogos, a anotação “autoria desconhecida”.
Vitalino faleceu em 20/01/1963, acometido de varíola. Teve 18 filhos e, destes, somente 5 viveram até a idade adulta. Amaro Vitalino (1934), Manuel Vitalino (1935), Maria Pereira dos Santos (1938), Severino Vitalino (1940) que assinou durante muito tempo seus trabalhos como Vitalino Filho (nome de fantasia), e Antonio Vitalino (1943).
A família Vitalino está representada, atualmente, por filhos e netos. Através do artesanato “Mãos de Vitalino”, peças produzidas pelos parentes, e alguns de seus seguidores, podem ser adquiridas através de seu neto Vitalino Pereira dos Santos Neto – rua Mestre Vitalino, 644 – Alto do Moura, Fone: (81) 3722-0397 ou celular 9982-4762.
Os “bonequeiros” de Alto do Moura retratam, dentre muitas, as seguintes cenas do cotidiano sertanejo:
Enterro na rede, Festa de casamento, O marchante cortando carne, Barbeiro de feira, Aguadeiro carregando água, Pescador com vara e anzol, Cavador de açude, Mulher com lata d’água na cabeça, Mulher apanhando algodão, Casa de farinha, Carro de boi, Delegado, Vacinação, Dentista, Violeiros, Engraxate, Delegado, Banda (Procissão de Zabumba), O palhaço, Noivos (casamento a cavalo), Vaqueiro derrubando o boi, Cavalo, Boi, Caçador, Agricultor voltando da roça, Vaquejada, Curral de boi, Centauro, Homem com cachorro, Homens com arado, Homens na lavoura, Ordenha, Médico operando o doente, Comedores de banana, Banda de pífanos, Terno de pífanos, Crucifixo, Lampião sereia, Lampião e Maria Bonita, Lampião a cavalo, São Francisco cangaceiro, Conselho dos bichos e Carro de noivos, Menino sentado no penico, Velho pensando, Velho acocorado soprando fogo na roça, Escola radiofônica, Cavalo-marinho, Bumba-meu-boi, Os três no forró, Cangaceiros, Procissões.
“Família de retirantes” – cena típica modelada por inúmeros ceramistas de Caruaru.
“GIRAFAS NORDESTINAS”
Artesanato típico do nordeste brasileiro!
A cerâmica é largamente encontrada em inúmeras comunidades Brasil afora, no entanto, a produção do Alto do Moura merece destaque especial. Os temas, predominantemente rurais, são legados do Mestre Vitalino, que, para criar suas peças, inspirou-se no próprio cotidiano, nas cenas do povo simples que o rodeava.
O colorido rico e vibrante é também um legado do Mestre e de seus primeiros aprendizes e colaboradores que buscavam na natureza e no folclore locais a inspiração para suas peças. Hoje, são centenas de artesãos que dão continuidade a esse trabalho singular, perpetuado em formas e tons que em tudo lembram a força e a pujança do homem nordestino.
Na cidade de Caruaru, ao lado do Museu do Forró Luiz Gonzaga, está o Museu do Barro, também conhecido como Espaço Zé Caboclo, onde há em exposição uma mostra bastante significativa da obra dos ceramistas locais.
Em 07/05/2008, tive a oportunidade de conhecer o Museu do Barro e pude conferir girafas na “Sala Ceramistas do Alto do Moura”... Aliás, foi lá que aprendi o porque são confeccionadas as peças girafas – dúvida que tinha há mais de 15 anos... Jamais tinha encontrado uma explicação para existir girafas nesta arte e não elefantes, por exemplo...
Nove girafas iguais, mas em tamanhos diferentes, todas em cerâmica com o corpo oco e pintadas de amarelo com pintas negras, foram adquiridas no Estado de Pernambuco, na primeira vez que estive por lá, em dezembro de 1997. Já anteriormente a esta data, tentava entender o motivo de exitir tal peça...
Pouco antes de visitar o Museu do Barro (onde comprei 5 girafinhas iguais), visitei o bairro do Alto do Moura, onde adquiri um presépio confeccionado por Edneide Vitalino, filha de Severino Vitalino, na Casa-Museu Mestre Vitalino. Na Rua Mestre Vitalino também adquiri dois jogos completos do Bumba-meu-boi, sendo que um deles foi feito pela artesã..., cuja obra também compõe o acervo do Museu do Barro.
Bumba-meu-boi ou pavulagem é uma dança do folclore popular brasileiro, com personagens humanos e animais fantásticos, que gira em torno da morte e ressurreição de um boi. O acompanhamento musical é feito com sanfona, flautim, violão, zabumba, ganzá e pandeiro...
O Bumba-meu-boi, também conhecido como Boi-bumbá (no Amazonas), Boi-surubi (no Ceará), Boi-de-reis (em Pernambuco), Boi-calemba (em Alagoas) e Boi-de-mamão (em Santa Catarina), é um espetáculo de variedades que, unindo múltiplas linguagens artísticas, constitui-se em um dos mais completos e complexos folguedos do folclore nordestino.
Em suas apresentações, revezam-se números musicais cantados e dançados (ao que chamam peças) e pequenas encenações, denominadas entremeios (adaptações de “entremezes” pelo dialeto popular), que desenrolam-se ora em torno de figuras e seres fantásticos (como o Jaraguá, o Diabo, o Anjo, a Alma do Boi, o Gigante, o Boca-mole, o Caipora, o Bate-queixo, entre outros) ou de animais que formam o Cordão-dos-bichos (como o Sapo, a Burrinha, as Emas, os Urubus, a Cobra, o Cavalo-marinho, a Girafa etc.) tendo o Boi como figura principal, ora como esquetes que criticam costumes ou tipos sociais através das personagens humanas (como o Bêbado, o Matuto, o Médico ou Doutor, o Padre ou Sacristão, o Curandeiro ou Feiticeiro, a Pastorinha etc.).
Dentre as personagens humanas são de fundamental importância a Catirina (esposa de Mateus) e os Vaqueiros (ou “Chamador” como é conhecido em certos lugares): Mateus (chefe do bando) e Birico.
Estes números são apresentados por grupos compostos de uma a três dezenas de brincantes, devidamente trajados que, na Região Norte, a partir do mês de junho – época que corresponde ao final da colheita – percorrem sítios, fazendas pequenos vilarejos e ruas periféricas das cidades maiores. No Nordeste, as manifestações são realizadas durante as festas natalinas e no Carnaval, época que coincide com o ciclo do gado nesta região.
Este é um dos folguedos que sofre maior número de interpretações quanto à origem, cujas letras, músicas e coreografias são criadas e adaptadas pelo povo de acordo com as especificidades de cada local.
Nota: Dentre outros personagens que encontrei na internet estão seres humanos do cotidiano, como o engenheiro, o funcionário do governo, o valentão, a dona do boi, Mané Gostoso, Bastião, o fanfarrão, ainda seres fantásticos como o Babau, o morto carregando o vivo, o pinica-pau...
Mário de Andrade fez um estudo minucioso sobre o Bumba-meu-boi e, em linhas gerais, tentaremos descrever a sua estrutura cênica, baseados nas informações registradas por este ilustre pesquisador...
Boi – Personagem central, cuja morte e ressurreição consiste no principal tema do folguedo. De acordo com o modo como é confeccionado, há dois tipos de boi: O boi de junta, que, apesar de ser o mais pobre, tem maior mobilidade durante o transporte e permite uma grande desenvoltura ao dançador, devido à sua flexibilidade. A sua cabeça, constituída por uma caveira legítima de boi ou por uma escultura de madeira, argila ou papel machê, materiais que variam de acordo com as regiões, fica presa a um cabo de madeira grossa, segurado pelo dançador, que o conduz meio encurvado. A forma do corpo do animal é dada pelo próprio corpo do brincante, coberto por um grande lençol de chita colorida, estampada com flores enormes. Algumas vezes a cabeça do Boi é conduzida por dois homens que formam as partes dianteira e traseira do corpo do bicho. O boi de castela tem o corpo formado por uma armação, feita com madeira leve ou com taquara trançada, de forma a imitar com maior perfeição o corpo do animal. Esta armação pode ser coberta por um tecido pintado com manchas semelhantes às malhas de um boi ou por chita colorida, decorada com grandes flores. Além da cabeça, o boi castela e o boi de junta ainda trazem em comum um rabo preso na traseira e um chocalho no pescoço.
Mateus – Vaqueiro negro, sendo que o dançador, mesmo que tenha a pele negra também, tinge o resto com uma mistura preta, feita com fuligem de panelas e vaselina. Usa a “veste” de couro ou paletó comum amarrado no pescoço por uma correia, que, assim como o chapéu e o peitoral, são igualmente de couro. Possui também um chocalho (campainha de vaca) amarrado na veste. Em alguns lugares, ele pode aparecer com uniforme de cangaceiro, com revólver, cartucheira e pente de balas atravessado no peito, ou carregando uma espingarda de bambu nos ombros, como se fazia antigamente. Traz ainda um enorme rosário (feito com sementes de mucunâ ou mamucaba, pedaços de espiga de milho, carretéis de linha, pequenas bonecas de plástico ou madeira, etc.) com o qual reza um irreverente “Pai Nosso”. Numa mão leva um pandeiro ou um ganzá, e na outra, um chicote (que chamam de macaca), com o qual corre em perseguição aos meninos e surra os personagens grotescos. Sobre Mateus, completa Oswald Barroto: “(...) Assim é o Mateus, negro, ex-escravo, a segunda figura mais importante do Reisado e, certamente, a primeira na preferência do público.”
Birico – Parceiro inseparável de Mateus, é, de certa forma, o seu oposto diametral. Se aquele é esperto, astuto, ágil de corpo e mente, saindo ileso das maiores embrulhadas, Birico é completamente sonso, matreiro, parecendo bobo e ingênuo. Ambos estão sempre em cena, cantam, dançam e sapateiam. Geralmente é apresentado por um homem usando roupa comum, chicotes e uma máscara muito peluda com um bigodão caído, muito semelhante às formas de leão ou de gato.
Catirina – Esposa de Mateus, é um personagem absolutamente cômico. Aparecendo algumas vezes vestida de preto, tem o rosto pintado de preto e maquiado, ou coberto por uma máscara, traz um pano amarrado na cabeça e um chicote na mão, para sair correndo atrás das moças e das crianças. É uma negra grávida, escandalosa e indecente, que vive levantando a saia por causa do calor e acusando um e outro de ser pai do seu filho. Geralmente é interpretada por um homem, que fala em falsete, mas não busca imitar a sensualidade feminina, como fazem os travestis. Durante as manifestações, faz cenas cômicas com Mateus e, quando se encontram, agarram-se e beijam-se, num verdadeiro espetáculo para o público.
Padre – Representado por Birico, tem as mesmas característica que este personagem.
Gigante – Homem com uma cabaça grande, onde foram pintados olhos, boca e nariz enormes, enfiada na cabeça, cabelo de algodão, ancas enormes cobertas por uma saia muito rodada e voz cavernosa. Vem a cavalo (feito com uma armação que o homem enfia na cintura) com uma montaria feminina de antigamente. Afirma-se que ele tem 300 anos.
Caboclinha ou Caboclos – Índia que entra montada no Bode, assobiando e pulando, desapeia e mata-o com flechadas. A sua dança é especial e muito difícil. Vestimenta indígena.
Urubu ou Jurubeba – Um menino negro.
Zé Maria – Qualquer menino que sirva de “seringa” para dar o “clister” no Boi.
Doutor – Velho corcunda de paletó, com barbas compridas, cartola e grandes óculos. Traz em uma das mãos uma bengala e na outra uma pasta ou a imitação de um estereoscópio presa ao pescoço. Muitas vezes usa uma máscara.
Pastorinha – Rapaz travestido de menina. Obs.: Em algumas regiões, como em Mutá, cidade do recôncavo baiano, por exemplo, as Pastorinhas são interpretadas por crianças da própria comunidade.
Jaraguá – Personagem fantástico mais comum aos grupos de Bumba-meu-boi, a imagem do Jaraguá assemelha-se à fusão de uma girafa com um jacaré (ou um cavalo). Fixa ao imenso pescoço, feito com um cabo de madeira, encontra-se a cabeça do animal com mandíbulas avantajadas, que, devido a um mecanismo que permite a sua manipulação pelo dançador, abre-se e fecha-se rapidamente, produzindo um grande barulho. Esta cabeça é construída com a caveira de um cavalo ou com uma armação de madeira, imitando-lhe a queixada. O corpo do Jaraguá é formado com tecido sob o qual esconde-se o dançador.
Burrinha – O corpo do animal consiste em uma armação de varas finas e leve, com cabeça esculpida em madeira, imitando um pequeno burro. É coberta com tecido colorido, tem arreios, rabo e duas pernas saindo, uma de cada lado, imitando as pernas do cavaleiro, entre as quais há uma abertura circular dentro da qual ficará o dançador, sustentando a armação através de duas tiras de tecido que passam por seus ombros. Zabelinha é a menina que cavalga a Burrinha e pode ser interpretada tanto por uma criança do sexo feminino como também aparecer na forma de uma boneca de pano sentada na garupa da Burrinha ou do Cavalo-marinho, junto com o dançador.
Gracioso ou Mestre (Militar, Capitão) – Figura de importância equivalente à do Boi, aparteia Mateus e Birico. É um oficial e vem fardado, usa lista vermelha, fita a tiracolo, chapéu de papelão formando uma coroa enfeitado com espelhos. Traz ainda uma espada.
Assim como nos demais aspectos, as evoluções cênicas deste folguedo, estão sujeitas a amplas alterações, segundo as variações geográficas, históricas, econômicas e sócio-culturais de cada povo...
Livros:
– DANÇAS DRAMÁTICAS DO BRASIL – 3º VOL
Editora: LIVRARIA MARTINS EDITÔRA, Ano: 1959
Nº de páginas: 326
Andrade, Mário – Danças Dramáticas do Brasil – 3º Tomo, pg. 38 a 114
(Edição organizada por Oneida Alvarenga. 2ª edição; Editra Itatiaia;
Fundação Nacional Pró-Memória; Brasília,1982
Mário planejava publicar a obra “Na pancada do ganzá”, com material coletado em viagens ao Norte e Nordeste brasileiro. Foi publicada postumamente por sua aluna Oneida Alvarenga em vários livros: “Música de feitiçaria no Brasil”, “Melodias do boi e outras peças” e “Os cocos” e “Danças dramáticas do Brasil”. É conhecida a paixão de Mário de Andrade pela música, a sua 'segunda amante', conforme suas próprias palavras. “Danças Dramáticas do Brasil” é uma obra dividida em três volumes que reúne os estudos de Mário de Andrade em relação à música popular, captando a alma simples do povo, e o verdadeiro folclore brasileiro.
– BUMBA-MEU-BOI
Textos de Stela Barbieri, Ilustrações de Fernando Vilela
48 Páginas | 21 × 21cm | Brochura
ISBN: 978-99520-43-7 (www.agirafa.com.br/girafinha/)
Existem muitas versões e nomes diferentes para o bumba-meu-boi. Na versão que Stela Barbieri e Fernando Vilela recontam para o público infantil, inspirada na versão maranhense do auto, o boi tem o “courinho todo preto, salpicado de colorido”, e encanta a todos na festa de São João. Inclusive Mãe Catirina, que estava grávida e com desejo de comer justamente língua de boi. A história de como ela faz para matar esse desejo e de como esse boi, para alegria de todos, volta a urrar é contada e reinterpretada desde o século XVIII no Brasil. Em cada região do país a música, os personagens e até mesmo o próprio boi ganham novas características, o que permite que esse folguedo seja até hoje, e em todos os sentidos, tão popular.
As 9 girafas (uma delas tem 40 centímetros de altura, as outras estão identificadas na foto do lado direito): nº 1 (4 cm – Mercado Eufrásio Barbosa, Largo do Varadouro – Olinda), nº 2 (5 cm – Casa da Cultura, Rua Floriano Peixoto, s/n, em Recife), nº 3 (7 cm), nº 4 (9 cm), nº 5 (11 cm; peça assinada: grafado Manuel Eud.), nº 6 (16 cm), nº 7 (18 cm, com cornos cinza; peça assinada: Un...) e nº 8 (22 cm; peça assinada: carimbado Manuel Eudócio) – adquiridas na loja “Sobrado 7 – Arte e Artesanato Ltda.” (um sobrado com rara arquitetura mourisca no Brasil), Praça João Alfredo, 7 – Carmo, Olinda – Pernambuco (PE).
Nota: Estas peças estão dispostas na coleção como a fotografia mostra; entretanto penso em uma peça única, com várias girafas, uma atrás da outra, “Girafas retirantes”, em alusão a famosa peça “Família de retirantes”...
Do lado esquerdo da tela, foto recebida de “Bete” em 28/09/06. Veja obras da arte popular brasileira no Memorial da América Latina!
Outras peças da coleção Girafamania:
– Girafa com 15 centímetros de altura, assinada pelo artista plástico RUBEN; contribuição da amiga Vera em 08/09/05, a qual ela adquiriu na loja Decora Brasil, localizada na Praça Tiradentes, 84, bem no centro da cidade de Ouro Preto, Minas Gerais (MG).
– Girafa porta lápis ou canetas, base vermelha, com 16,5 centímetros de altura, assinada pelo artista plástico RUBEN...
– Girafa com 18 centímetros de altura, tem um pêndulo no interior de seu corpo...
– Girafa com corpo em forma de cofre, com 18 centímetros de altura. Tem um sino pendurado em seu pescoço. Comprei com defeito: faltam os seus cornos. Fortaleza – Ceará (02/1998).
– Em 23/04/08, ganhei outra peça dessas de Rita de Cássia Sousa Portela, a menor delas e com melhor acabamento, ela trouxe de Salvador – cidade que escolheu para passar suas férias...
– No dia 08/05/08, quinta-feira, em visita ao hotel que me hospedei em Pajuçara, ganhei de Sarah 3 girafinhas em diferentes tamanhos, as quais ela adquiriu quando viajou para Caruaru, oito anos antes... Quando ela comprou essas peças, guardou no porta-malas do carro para em ocasião oportuna enviar pelos Correios... Durante o período vários fatos ocorreram: ela trocou de carro, mudando as girafinhas de porta-malas portanto; contou-me esta história por telefone em outra ocasião; até a Denize quis me enviar as peças; enfim, finalmente me entregou as peças em mãos: uma inteira e duas quebradas – as quais ela não queria me dar, no entanto eu a persuadi e elas compõem meu acervo... (risos)
As peças com estilo Mestre Vitalino são confeccionadas em diversos pontos do Brasil. Prova disso, é que já comprei e ganhei girafas como estas feitas em vários Estados brasileiros, como Alagoas (AL), Bahia (BA), Ceará (CE), Minas Gerais (MG), Pernambuco (PE), São Paulo (SP)...
Eudócio (1931-) e Ciça (1935-)
Manuel Eudócio Rodrigues, ou mestre Eudócio, nasceu no bairro Alto do Moura, na cidade de Caruaru, Pernambuco (PE), no dia 28/01/1931, membro de uma família de ceramistas que trabalhava na produção de peças utilitárias como panelas, jarros, potes etc.
Em 1948, com 17 anos, Manuel iniciou efetivamente sua vida de artesão do barro já em convívio com o mestre Vitalino que chegara de Sítio Campos para viver no Alto do Moura. O trabalho diário de Eudócio e seu cunhado Zé Caboclo com o mestre Vitalino deixou marcas em suas obras produzindo esculturas em barro natural.
Sempre fez todo tipo de peça: Lampião, Maria Bonita, cangaceiros, médico operando doente, casamento na roça, dentista extraindo dente etc., mas nunca escondeu sua preferência pelo boi – uma de suas primeiras peças. Além dessas peças individuais, naquela época, Eudócio já reproduzia no barro os folguedos populares da região, como o Maracatu e o Bumba-meu-boi, que ele também denomina reisado ou cavalo-marinho.
O Bumba-meu-boi de mestre Eudócio, composto por 28 peças, é um conjunto de figuras que revela o gestual de cada brincante e referencia o reisado que o próprio mestre participava como brincante (figurou como Segundo Galante e seu irmão como Jaraguá). Em agosto de 2005, o artista foi homenageado com uma exposição individual – Manuel Eudócio: Patrimônio Vivo, realizada na Sala do Artista Popular do Museu do Folclore do Rio de Janeiro e neste mesmo ano foi homenageado na FEBRARTE (Feira Brasileira de Artesanato) no Recife com uma exposição intitulada – Manuel Eudócio, um cronista do seu tempo.
GIRAFA EM CERÂMICA, com 40 centímetros de altura. Lote: 0119, Manuel Eudócio. Lance Inicial: R$ 250,00 reais, segundo o catálogo que compreende a coleção Girafamania. No leilão em 13/02/2012, de André Cencin, o lance começou com uma reserva de 500 reais e a peça foi vendida na sala por R$ 550,00 reais. Infelizmente não por mim... Local: Rua José Maria Lisboa, 1089 – Jardim Paulista, São Paulo (SP). Nota: Na coleção existe uma peça com 40 centímetros de altura, mas de autor desconhecido...
GIRAFA COM HOMEM NO PESCOÇO: Girafa em barro confeccionada nos anos 70 pela artista Ciça – Cícera Fonseca da Silva (1935-), Juazeiro do Norte – Ceará (CE). Suas “máscaras” lhe conferem expressão única, pouco encontrada entre os artistas do gênero... Peça adquirida de José Raimundo de Sousa, da Galeria Jequitibá – Arte do Povo Brasileiro (galeriajequitiba.blogspot.com), na Feira de Artes do Masp em 18/12/11. Valor estimado: R$ 200,00 reais.
As artes do imaginário, também denominadas arte incomum, arte fantástica ou arte bruta, são conceitos usados para classificar as obras que parecem ter nascido dos mistérios e verdades profundas da psiquê humana e à margem dos cânones artísticos... No acervo do Museu Casa do Pontal (www.museucasadopontal.com.br), localizado na cidade do Rio de Janeiro (RJ), existem sete obras da artista Ciça. Uma delas (foto abaixo) é a obra “GIRAFA COM HOMEM NO PESCOÇO”. Década de Aquisição: 1960. Medidas: 18 × 13 × 10 cm. Peso: 340 gramas. Fotógrafo: Anibal Sciarretta.
Bloco em que foliões vestem fantasia de girafa desfila pelas ruas de Vitória de Santo Antão, no Estado de Pernambuco. Divulgação/Empetur, 2004.
Histórico...
Sua ideia pode virar selo (correios.com.br/selos/selos_postais/vota_selo/default.cfm)! Você tem até 01/06/2008 para encaminhar suas sugestões para a emissão de selos de 2009. Proposta de Selo realizada em 26/05/2008. Tema da Proposta: Cultura Popular (Personalidades). Caso sua proposta homenageie algum Estado em especial, favor informar: Pernambuco. Sugestão de Título para o Selo: Centenário do Nascimento de Mestre Vitalino. Justificativa da Proposta: (vide acima). Mês Proposto para Emissão: Junho.
26/05/08: Departamento de Produtos e Filatelia (dpfil@correios.com.br): Proposta de Tema Para Selo. Agradecemos sua sugestão de tema para emissão de selo postal e informamos que foi registrada em nosso banco de dados. A colaboração de filatelistas e de nossos usuários é que permite aos Correios sempre melhorarem seus produtos. A partir do mês de setembro, você pode saber se sua proposta de selo foi aprovada no endereço: correios.com.br/selos/selos_postais/selos_postais.cfm. Lá, clique na opção “Programação Filatélica” do próximo ano, onde estarão listadas todas as emissões escolhidas pela Comissão Filatélica Nacional (CFN). Caso sua proposta não tenha sido eleita, temos outras formas de divulgá-la. Conheça essas outras opções e onde solicitá-las em nosso endereço eletrônico: correios.com.br/selos/prod_conveniencia/pre_selados_person/preselado_personal.cfm
30/05/08: Todas as propostas são pré-avaliadas pelo Departamento de Filatelia e Produtos, com base na Portaria 500 do MINICOM (algumas propostas contrariam as regras e quesitos dessa Portaria, portanto nem são pautadas). Depois, fica a cargo de cada membro da CFN votar, no dia da Reunião, naquelas que considerar relevantes. As propostas mais votadas nos dois ou três turnos, são aprovadas. Estou pedindo que a Ilma cadastre sua proposta na CFN. Inclusive, acho até que já está inserida...
Inflizmente, no ano de 2009, o Correio não emitiu um selo postal em homenagem ao centenário de nascimento do brasileiro Mestre Vitalino (1909-1963), entretanto o fez para o bicentenário de nascimento do francês Louis Braille (1809-1852)...
Comemorações ao centenário do nascimento de Mestre Vitalino em 2009
Nos meses de julho e agosto, foi realizada em Recife a exposição Vitalinos. Foram apresentadas 32 peças do artista além de trabalhos de seus primeiros discípulos no Alto do Moura em Caruaru: Zé Cabloco, Manuel Eudócio e Zé Rodrigues no Museu de Arte Popular no Pátio de São Pedro casa 49. Na ocasião, patrocinado pelo Banco Real, foi editada uma publicação com fotos de Vitalino em seu ofício no Alto do Moura, realizadas por Pierre Verger.
No mês de agosto foi aberta no Rio de Janeiro a exposição Peças de Novidade: O Mundo do Mestre Vitalino, no Museu Chácara do Céu, no bairro de Santa Teresa. Foram expostas 50 peças das 72 existentes no acervo dos Museus Castro Maya, adquiridas pelo colecionador Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968), diretamente do artista no início da década de 50. “Peças de Novidade” – modelagem de esculturas com cenas do sertão, profissões diversas, cangaço, religião, sobrenatural etc, retratando usos e costumes do cotidiano do artista na região.
MUSEUS
Existe um acervo significativo de obras em museus do Pernambuco (Alto do Moura, Caruaru, Recife) e Rio de Janeiro, por exemplo.
Museu do Homem do Nordeste – Avenida 17 de Agosto, 2187 – Casa Forte – Recife (PE)
Museu do Barro de Caruaru (também conhecido como Espaço Zé Caboclo)
Praça Coronel José de Vasconcellos, 100 – Centro – Caruaru, Pernambuco (PE)
Pabx: (81) 3701-1533 – fundacaocultura@uol.com.br – www.culturadecaruaru.pe.gov.br
O Museu do Barro de Caruaru está localizado no Bloco-B do Espaço Cultural Tancredo Neves. Fundado em 1988, com um acervo estimado em 2.300 peças procedentres dos diversos polos de cerâmica do Nordeste, com destaque para a produção do Alto do Moura e em especial, do Mestre Vitalino.
Em 1998, o Museu do Barro vem ocupar o belo edifício histórico da antiga casa de máquinas da Fábrica de Caroá (indústria que representou um marco para a economia da cidade e da região, foi pioneira na industrialização da fibra do caroá no Brasil, produzindo fios, cordões, sacos de estopa etc.).
Hoje, o acervo do Museu está distribuído em cinco ambientes: Sala Ceramistas do Alto do Moura, Sala Mestre Vitalino e Família, Coleção de Cerâmica Abelardo Rodrigues, Pinacoteca Pintora Luisa Cavalcanti Maciel e Sala de Exposições Temporárias e Atividades Educativas.
No Alto do Moura funciona a Casa-Museu de Mestre Vitalino, administrado pelo seu filho Severino Vitalino, instalado na antiga casa, construída em 1959, onde o mais famoso “bonequeiro” viveu, trabalhou e morreu.
No local estão expostos objetos de uso pessoal do artista, suas ferramentas de trabalho, móveis e utensílios e fotos retratando sua trajetória. Ainda podemos apreciar seu filho Severino Vitalino na obra do ofício em barro. Fotos by Sérgio Sakall, 07/05/2008.
Na cidade do Rio de Janeiro podemos encontrar peças de Mestre Vitalino e de seus seguidores nos seguintes museus:
Museu da Chácara do Céu – Rua Murtinho Nobre, 93 – Santa Teresa
Museu Nacional de Belas Artes – Avenida Rio Branco, 199 – Centro
Casa do Pontal-Museu de Arte Popular Brasileira – Estrada do Pontal, 3295 – Recreio dos Bandeirantes
CNFCP – Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular – www.cnfcp.gov.br
MFEC – Museu de Folclore Edison Carneiro – www.museudofolclore.com.br
Endereço: Rua do Catete, 179 e 181 – CEP: 22220-000 – bairro do Catete, Rio de Janeiro (RJ)
Bumba-meu-boi, Folia de reis, Maracatu, Cavalhada, Escolas de Samba etc. Nota: Em 1999 foram emitidas várias séries de 8 cartões telefônicos pela Telerj /Rj, com tiragem de 200 mil cada, sobre o Museu de Folclore Edison Carneiro... Módulos: Arte, Festa, Religião, Técnica, Vida... Parece que completa compreende 40 cartões...
Uma das fontes desta página: CERÂMICANORIO (www.ceramicanorio.com)
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