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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Engenharia no dia dia

E quem será responsabilizado?


Imagem disponível em http://jornal.ofluminense.com.br/sites/default/files/imagecache/Portal_Destaque_Home/12-desabamento_friburgo_575.jpg
Por Jorge Paulino
Engenheiro Eletricista e de Produção

Republicação do artigo, escrito em 3 janeiro de 2010
Novamente o cenário principal do Estado do Rio de Janeiro é o da destruição, das perdas de vidas e de prejuízos econômicos e sociais.
Na simplicidade das palavras da empregada doméstica Fernanda Carvalho, a dimensão desta tragédia.
“Não foi possível escolher o que ia cair. Casa de rico, casa de pobre. Tudo foi destruído”...
As tragédias anteriores não serviram de aprendizagem para os nossos governantes...
No rastro da destruição virão novas promessas, novos choros para mídia e mais nada...
Continuaremos reféns de políticos demagogos e incompetentes, Angra dos Reis que não se recuperou totalmente e São Gonçalo viraram passado, hoje a Região Serrana é a vitrine para aparições e promessas dos milhões que só são promessas e o amanhã?....
Angra, Ilha Grande, São Gonçalo, Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo; precisamos repensar o modelo de crescimento urbano e da ocupação do solo, as tragédias são sempre anunciadas!
Os nossos governantes tem que agir na causa e não depois do ocorrido!
Abaixo na integra os artigos “E quem será responsabilizado?” e “O Ciclo das Águas”
Passado a comoção das tragédias, se faz necessário a reflexão do que causou essas calamidades.
Inundações, deslizamentos de terra e desabamentos de residências, são conseqüências do aquecimento do planeta? Ou esses desastres foram ocasionados pela ocupação e intervenção do homem no ecossistema? Ou o desconhecimento do histórico de fenômenos naturais na área?
Sim, todas as preposições estão corretas.
Mas o que aconteceu no Rio de Janeiro e em Angra dos Reis?
A alta pluviosidade foi um dos principais condicionadores dos movimentos do solo, nas zonas morfológica e geologicamente susceptíveis a estes fenômenos, os movimentos não ocorreram somente diante dos excepcionalismos pluviométricos.
O desgaste das rochas pela ação do sol, dos ventos e das chuvas, ocasionou a erosão criando uma camada espessa (entre a superfície e a rocha dura), extremamente permeável.
Quando chove muito, a água ocupa toda essa camada que encharcado e pesado tornam os deslizamentos inevitáveis, mas é relativamente possível calcular os riscos e impedir construções e a permanência humana em algumas zonas mais críticas.
Em meu artigo “O ciclo das águas“, publicado em Agosto de 2009, eu tracei um paralelo entre as forças da natureza e a intervenção do homem no Ecossistema.
Precisamos repensar na ocupação desordenada do solo urbano, nos projetos de arquitetura, nos novos empreendimentos e principalmente nas características de cimentização e verticalização das cidades.
O que o homem toma da natureza, será cobrado mais tarde, e com o sacrifício de vidas.
As conivências dos nossos governantes com o poder econômico e com o poder político sempre acarretam tragédias.
Mas quem será responsabilizado?
Certamente responsabilizarão a fúria da natureza!
Reproduzo agora o Comentário do Engenheiro Civil, Wanderson T. de Souza
Caro colega, Eng. Jorge Paulino as tragédias ocorridas eram previsíveis, tanto em Angra quanto no Rio de Janeiro.
Perfeito as indagações do texto.
Sim, existem históricos de acontecimentos nas regiões e a intervenção danosa do homem no ecossistema.
Como Engenheiro Civil, posso afirmar que suas considerações quanto aos deslizamentos e desabamentos das residências estão corretas.
Aqui em São Paulo as constantes inundações fazem parte de uma rotina quase que diária.
É de impressionar?
Não, é previsivel.
É exatamente o descrito em seu artigo "O Ciclo das Águas", o crescimento desordenado dos Centros Urbanos, a cimentização tornando a cidade mais impermeável e a verticalização mudando o micro clima da região.
Medidas urgentes precisam ser tomadas tais como:
1-novos formatos de projetos de Prédios e Edificações com captação das aguas Pluviais;
2- a criação de mais áreas verdes e com permeabilidade;
3- a desocupação das áreas de inundação nas margens dos rios e o estudo de vazão dos rios para a definição das suas calhas;
4- a criação de cinturões verdes nas encostas.
Espero que tenhamos um 2010, iluminado e menos trágico, precisamos lembrar o grande Tom Jobim e a sua melodia "Águas de Março fechando o verão"
Eng. Wanderson T. de Souza

Republicação do artigo, escrito para o blog GamaCoopera em agosto de 2009, e também publicado no site Artigonal,
Disponível também em http://gamacooperarecicla.blogspot.com/

O Ciclo das Águas
O modelo atual de crescimento urbano, é o exemplo em que as mudanças radicais impostas pelas atividades humanas, produzem condições atmosféricas diferentes das encontradas em algumas décadas atrás.
As metrópoles criaram um processo de cimentização da paisagem, com ocupação e especulação desenfreada que destruiu as áreas destinadas ao alagamento.
A desordem urbana determinou o fim das margens dos cursos d’água, das matas ciliares, dos rios, modificando todo o ecossistema da região.
As enchentes, sempre fizeram parte de um ciclo natural, o “ciclo das águas e da vida”, e nós precisamos rever essa relação Homem/Natureza.
A natureza deve ser respeitada, não devemos tentar exercer sobre ela um domínio supremo.
Rios caudalosos e com grande volume de água, tem seu percurso em formato curvilíneo como uma serpente se deslocando nas planícies.
O formato evita o aumento da velocidade das águas em épocas das chuvas.
Porque retificá-lo?
As áreas cobertas de asfalto e cimento tornam o solo totalmente impermeável, impossibilitando a absorção da água da chuva pela terra, fazendo a água correr mais rápidas, atingindo a cidade rapidamente, afinal não podemos reduzir o volume de chuvas.
Precisamos sim, despertar a consciência nas crianças e nos jovens da importância do descarte correto do lixo, não devemos jogá-lo nos rios – pois além de poluí-los, causaremos o assoreamento e acumulo nas bordas- deixando-os mais rasos e estreitos, e possivelmente causando, transbordamento nas cheias.
Precisamos sim, cobrar do poder público, planos e projetos embasados em uma visão de ocupação e uso sustentável do solo, respeitando os processos ecológicos naturais.
Não existem mágicas para evitar os transbordamentos dos rios e os alagamentos das vias públicas, mas algumas mudanças nas estruturas dos grandes centros urbanos podem minimizar o efeito do excesso de água.
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