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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

PeixesemPeixes

Prosa Têxtil com Henrique Schucman

ENTREVISTA

1. Comente: " Será que essa pesquisa de materiais que Henrique vem fazendo já algumas décadas, traz em sua essência a mesma busca incansável pela técnica que seu Mestre Aroztegui lhe passou?" (acesse também: Tese acadêmica sobre obra e criação de Ernesto Arostegui, Henrique Schucman e Jean Pierre Larochetti, por Carol Russel)
R: Certamente! A minha primeira tapeçaria com materiais reciclados foi o Retrato de Aroztegui. Lembrava-me constantemente de uma insistência em que levasse sempre comigo sacolas de plástico de compras para catar fios, cordas, fibras que por acaso aparecessem no caminho. Uma vez me fez catar no meio da pista da Av. Paulista um pedaço de sisal “ trabalhado” pela passagem de carros e pneus.  Dimensões aproximadas 120x200cm
Imagem: Ernesto Arostegui, 1997 – Dimensões aproximadas da Obra: 120x200cm.

2. Nos conte como foi estudar, aprender, conviver com o grande Mestre Uruguaio Ernesto Aroztegui?
R: Inicialmente não tinha nenhuma referência sobre Aroztegui. Entrei no curso a contra-gosto quase constrangido pela Marina Overmeer que me deu a primeira aula de pente  liço, na Clínica Tobias. Na primeira aula nem fui. Mandei uma aluna a ir no meu lugar que pela sorte da Vida não quis fazer e pagar pelo curso e no final da tarde me devolveu o tear semi urdido e falou que o Ernesto só aceitaria um aluno. E ela não iria. Perdi a introdução e até pensei com meus botões que aquilo era uma porcaria de curso. Tinha como critério a quantidade tecida e não a qualidade da informação implícita nos exercícios. Só percebi aonde eu estava e a importância do curso, para mim um atalho de varias encarnações de pesquisa e técnica têxtil, no quinto mês. Foi aí que abandonei meu método de ensino de “manualidades no tear “ por um método que era consistente e completo. Uma linguagem têxtil e não algumas palavras de uma lingua desconhecida mal e mal decoradas. A partir daí a relação foi de pai e filho.
Henrique 2

3. Atelier Casa 11 e Pouso do Tapeceiro significam dois momentos distintos na sua trajetória profissional, como era seu processo de criação na Casa 11 e quais transformações ocorreram de lá para cá no seu modo de trabalhar e criar.
R: O Atelier casa 11 começou quando eu estava em processo de formação, na segunda faixa do Aroztegui. Tecer tapeçarias no alto-liço era uma forma de aprimorar a técnica, testar o aprendizado, criar desafios técnicos que me impelissem para frente e ter o que mostrar para os alunos e pessoas interessadas na Tapeçaria. A questão sobrevivencia era forte na composição das forças que somadas davam nas minhas decisões. A partir de 1992 com a mudança para Florianópolis a busca de qualidade de vida virou meu foco principal e não mais a sobrevivência. Desta forma todo o meu trabalho acompanhou esta busca e voltei a contactar os nucleos motivacionais e valores que sempre tive. O interesse agora era qualidade de vida. Isto queria dizer qualidade do ambiente externo e interno. As escolhas de Imagens para tecer deixaram de ser desafios técnicos para serem sobre assuntos que me ocupavam a mente e as emoções. A indicação a representar o Brasil na Trienal de LODZ na Polônia me impulsionou mais ainda para ir de encontro com o que buscava. O próprio curador da Trienal foi quem me deu o toque. Tratava-se de expor os trabalhos de artístas texteis que trabalhavam com seu entorno. De lá para cá foi como entrar naquele espaço-tempo em que o Universo parece conspirar a teu favor.continue lendo,acesse aqui

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