Seguidores

sábado, 29 de janeiro de 2011

Portal da Terceira Idade

Arte e Cultura

Coluna da Semana: Crônicas
“Quais cores essa vida tem?”

Série de crônicas relata histórias de pessoas que passaram dos 60 anos de idade, mas que levam uma vida ativa como qualquer outra pessoa mais jovem


Por: Caroline Fernandes Mussato



Jornalista, 21 anos, formada pela Unimar e autora do livro ‘Vivendo’, é colunista convidada do Portal Terceira Idade


Fale com o colunista








Quais cores essa vida tem?”

“Eu pinto para o mundo me ver”. Essa foi a primeira frase que ele disse, quando me viu chegando ao Lar Vicentino em Lins, onde mora há dois anos. Olhos serenos. Sorriso largo. Educação comparada a de qualquer pessoa com pós-graduação, mas sem nenhum aprendizado educacional na vida. Esta é a história de um homem que vê além. Além das dificuldades que a vida colocou em seu caminho.

Vicente Campos (foto) teve sua infância em sítios da região de Lins, antes de se mudar para a cidade. Perambulou por todos os cantos desde pequeno, com um sonho: de um dia ser pintor. Aos quatro anos, Vicente já rabiscava o chão com carvão, sem saber que hoje, aos 68 anos seria um artista reconhecido por retratar com o coração a arte Naif. A arte descobriu Vicente e Vicente descobriu a arte.

Filho de Dona Luzia da Conceição Campos, que mais tarde sofreria um derrame, seria recebida no Lar em setembro de 2003 e ficaria ali até o os seus últimos dias com um pouco mais de 85 anos. Esse foi o motivo de Vicente querer entrar para a entidade: a saudade, o cuidado e o carinho pela mãe. Filho de pai morto por chagas, e irmão de mais cinco, que já foram levados pela vida. Vicente sem deixar de fixar seus olhos nos meus, conta que a sua deficiência na fala, provêm de um tropeço no arreio do cavalo quando novo. Discriminado e apedrejado na escola, não conseguiu nem completar o ensino fundamental. Tentou, porém não conseguiu. E sua vida foi uma sucessão de tragédias. Aos 20 anos, contraiu hanseníase, que o fez perder dois dedos de um dos pés e sofrer uma deformação na mão direita.

Mas Vicente cruzou a linha do preconceito e da superação. Ficou conhecido na cidade por retratar com carvão algumas imagens. Com ingenuidade e espontaneidade, sem saber que a arte Naif possui as mesmas características, Vicente mais tarde conquistou seu próprio mundo. Um mundo onde ninguém mais duvida de sua capacidade.

Clique aqui para ler a continuação do texto (parte 2 de 3)

‘Vivendo’ (90 pag., Ed. Raízes) foi escrito como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Jornalismo, na Universidade de Marília (SP).
Fotos: Caroline Mussato / Portal Terceira Idade / divulgação





























Nenhum comentário: