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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Programa Território Animal

Animais Continuam Sofrendo e Sendo Mortos pela Indústria dos Cosméticos

Publicado janeiro 26, 2011 r Deixar um Comentário
A maior parte das pessoas acha que os testes de cosméticos não são mais realizados em animais – não se iluda…
Quando Jenny Brown concordou em fazer uma investigação secreta sobre testes em animais de uma alternativa ao botox, ela sabia que poderia ser um pouco desagradável, mas nada a prepararia para isso: técnicos altamente treinados ajoelhando no chão enquanto tentavam quebrar o pescoço de ratos com uma caneta esferográfica.
E pior, ter de assistir esses técnicos fazendo um trabalho mal feito – e quebrando a coluna dos animais em vez do pescoço. As filmagens secretas de Jenny mostram os ratos ainda vivos e se contorcendo em agonia com a espinha quebrada. Mostram também outros sobrevivendo a injeções “letais” e, então, trancados em câmaras a gás às centenas.
“Foi horrível, e eu não podia fazer nada além de gravar o que estava acontecendo”, lembra Jenny. “Quando você está em uma situação dessa, você precisa se desligar, se trancar em seu pequeno mundinho. Mas eu estava completamente abalada.”
Você deve estar pensando que “ainda bem, a operação de Jenny foi conduzida há muito tempo atrás.Na Inglaterra o uso de animais para testes de cosméticos foi proibido em 1998. Na Europa, uma lei similiar foi aprovada em 2003.  É coisa do passado.”
Não, não é. A experiência de Jenny ocorreu apenas um ano atrás, por causa de uma série de política, falhas na legislação e voltas na burocracia, o número de animais mortos pela vaidade humana só tende a aumentar – aos milhões e milhões.
De acordo com a Associação Europeia de Cosméticos, cinco bilhões de produtos cosméticos são comprados por 380 milhões de consumidores por ano na Europa. A legislação exige que todo produto vendido seja seguro para humanos. Por décadas, essa segurança foi sinônimo de submeter animais a testes dolorosos, colocando cosméticos e químicos em seus olhos, fazendo-os ingerir ingredientes e esfregando-os em suas peles para testar irritações ou risco de câncer.
Entretanto, sob pressão de entidades como a British Union for Abolition of Vivisection (BUAV, União Britânica pela Abolição da Vivissecção) e a RSPCA, leis foram aprovadas para que a indústria de cosméticos buscasse métodos alternativos, incluindo manipulação de células e aplicação de produtos em tecidos humanos criados em laboratório.
A lei de 2003 introduzida pela União Europeia , uma emenda ao European Cosmetics Directive de 1976, tornou ilegal testar produtos prontos em animais. Em 2009, a UE proibiu também o teste de cosméticos e ingredientes em animais.
Isso, deveria, logo, ter abolido a crueldade. Porém, como Jenny descobriu, animais ainda estão sofrendo em nome dos cosméticos.
No caso que ela expôs da BUAV, eles estavam sendo usados legalmente no teste de um produto com licensa médica que seria classificado como off-label – não usado para o propósito que foi aprovado – como um tratamento cosmético para rugas. Durante nove meses de investigação secreta no Wickham Laboratories em Hampshire, o ativista de 27 anos descobriu que uma toxina produzida pela Ipsen Biopharm, uma companhia farmacêutica operante em 40 países, foi regularmente testada em camundongos. Chamada Dysport, a toxina altamente tóxica é usada em tratamento médico de distorções faciais de vítimas de derrame para inibir o excesso de baba e suor. Ela paralisa músculos, previnindo distorções por oito meses. Entretanto, se uma quantidade desconhecida de Dysport for usada off-label, com propósitos cosméticos, como o botox, ameniza os sinais da idade – rugas.
Primeiro, ele é testado em ratos pelo procidimento do século XX chamado LD50, onde LD significa Letal Dose, e o 50 é de 50%.
Isso envolve injetar toxinas em camundongos até que 50% deles morra. O que só prova que a toxina é potente.

“Os camundongos eram avaliados em intervalos regulares, e depois de alguns dias a maioria estava morta, sofrendo terrivelmente de uma paralisia e eventual asfixia”, conta Jenny. “Camundongos que provavelmente não sobreviveriam até a próxima avaliação seriam mortos. Isso era feito colocando-os no chão e quebrando seus pescoços com uma caneta. Mas os trabalhadores frequentemente erravam e quebravam suas costas no lugar. Os que sobreviveram aos testes foram então colocados em uma câmara e mortos com dióxido de carbono. É assustador que o Dysport seja usado pela vaidade humana. Seu controle de qualidade ocorre semana sim, semana não. Pensei que isso fosse coisa do passado, e imagino que muitos também pensem.”
A Ipsen Biopharm diz que a lei exige o LD50, mas quando perguntei o quanto de Dysport é usado para propósitos cosméticos, não obtive resposta.
Um relatório da Home Office sobre a investigação na BUAV concluiu que os testes Wickham estavam sendo conduzidos por propósitos médicos e não cosméticos, mas acrescentaram que “é permitido o uso off-label de um medicamento sob a legislação da UE e da Inglaterra”.
Essa não é a única falha na lei. Como vimos antes, o European Cosmetics Directive proíbe testes em animais – mas outro lapso na legislação existe quando o assunto é produtos não cosméticos, como detergente. É a chamada Reach (Registro, Avaliação, Autorização e Restição de Químicos). Ela entrou em vigor em 2007 para certificar que todos os químicos usados pela indústria – alguns que nunca precisaram ser testados – sejam seguros. Na maioria dos casos, isso envolve testar em animais.
Essa nova regulamentação afeta até as companhias éticas que não matam animais, porque seus produtos podem conter os mesmos ingredientes que produtos domésticos e farmacêuticos, e seus fornecedores, que prometeram não testá-los em animais, foram ordenados a tal pela Reach.
“Fomos alertados por um de nossos fornecedores que eles teriam que testar o borato de sódio em animais, então teríamos que removê-lo de nossos produtos”, disse Andrew Butler, diretor de campanhas da Luch, que abomina testes em animais. “É loucura. O borato de sódio vem sendo usado seguramente em cremes há 100 anos.  Por que animais precisam morrer para testá-lo hoje? Estamos preocupados que isso seja só o começo. Não sabemos qual o próximo ingrediente inofensivo que nossos fornecedores serão forçados a testar em animais.”
A RSPCA estima que o Reach irá matar oito milhões de animais, mas outros argumentam que o número pode chegar a 50 milhões se considerarmos fetos não nascidos. No começo do mês, notícias ainda piores começaram a rondar a Europa.
O último estágio da Cosmetics Directive, previsto para 2013, proibindo qualquer cosmético testado em animais de ser vendido na Europa provavelmente terá de ser adiado por no mínimo quatro anos.
A indústria de cosméticos, que ainda testa em animais no mundo todo, disse à Comissão Européia que ainda precisa encontrar alternativas seguras ao teste em animais. Isso significa que testar em animais continuará principalmente nos EUA, China e Japão. Se a proibição prosseguir, os consumidores poderiam ter certeza de que o que compram em High Street não foi testado em animais.
Mas da forma como as coisas andam, ninguém tem essa certeza – apesar das alegações nos rótulos dos produtos. É difícil acusar produtores individuais de rotulagens falsas, pois todos os testes são secretos, mas organizações pelos direitos animais vêm atuando há anos para mudar a realidade. Por exemplo, o “esse produto não foi testado em animais” pode muito bem ser verdade, mas isso não quer dizer que seus componentes não tenham sido.
Isso é algo que a própria indústria adimite. “Muitos alegam que produtos não são testados em animais são apenas uma questão de interpretação.”, disse Dr Chris Flower, diretor geral da Cosmetic, Toiletry and Perfumery Association. “Pegue a China, por exemplo. Se você quer vender seus produtos lá, as autoridades chinesas vão testar seus produtos em animais. Você viu, porém, na Europa que seu produto não é testado em animais – mas alguém descobre que na China foi. Esse é o motivo por  que muitas das grandes indústrias têm medo de dar garantias.”
Tudo o que só torna mais difícil para os consumidores éticos terem certeza do que estão comprando. Por exemplo, a Procter e Gamble, uma das maiores pordutoras de cosméticos do mundo, incluindo a Herbal Essences, Max Factor e Wella, diz que nunca sonharia em testar em animais na Europa. Entretanto, a papelada de testes da P&G submetida ao Comitê Científico da UE contradiz a imagem que a empresa prega. É verdade que os produtos prontos não são testados, mas os ingredientes têm sido testados nos EUA.
Por exemplo, um número de estudos datado de 2005 revela o efeito fatal de forçar ratos a se alimentarem de corante laranja. Depois que os ratos morreram, eles foram abertos e, não surpreendentemente, descobriram que seus órgãos estavam laranjas.
De forma similar, outro ralatório da Wella detalha os efeitos da tintura vermelha, enquanto em 2004 pesquisadores forçaram 100 ratas fêmeas a comerem butilparabeno, um preservativo cosmético, por duas semanas. A seguida, mataram as ratas e cortaram fora seus fetos com anomalias.
Quando perguntei à companhia como seus testes “éticos” em animais poderiam contradizer esses relatórios, cheguei ao Dr Chris Flower. Ele explicou que os químicos envolvidos foram usados a anos, mas precisavam ser testados novamente por preocupações de segurança. Isso foi ordenado pela Comissão Européia.
“Não sabiam de testes alternativos, logo a P&G não teve escolhas se não testar em animais”, ele disse.
Já a BUAV organizou um esquema sob o qual fornecedores e produtores delimitam uma data limite, depois da qual eles precisam garantir que nenhum de seus ingredientes tenha sido usado em testes em animais. A BUAV adverte como isso pode ser feito, pelo Leaping Bunny Program (leapingbunny.org), que aceita que animais sofreram no passado, mas que nenhum sofrerá no futuro em nenhum estágio produção de nenhum cosmético.
Enquanto isso, existem aqueles com Andrew Butler da Lush que estão começando a se perguntar porque as grandes companhias precisam testar até mesmo novos ingredientes.
“Existem milhares de novos estudos lá fora”, ele diz. “Existem mais do que você poderia conduzir durante a vida toda, Mas as grandes companhias só querem colocar a palavra “NOVO” em suas caixas para aumentar as vendas. A próxima vez que você ver isso, pergunte a si mesmo por que realmente precisa comprar isso. Digo, deixa seu cabelo tão limpo, não?”

Fonte:  ANDA
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