Seguidores

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ciclo Vivo

Iemanjá é reverenciada, mas quem paga a conta é o meio ambiente

Postado em 04/02/2011 ás 10h00
Homenagem a Iemanjá (Imagem: Severino Silva - Agência O Dia)
 
A orixá Iemanjá foi reverenciada esta semana em diversas cidades do litoral do Brasil. No Rio de Janeiro (RJ), os devotos fizeram as suas oferendas nas águas da Baía de Guanabara. Em Salvador (BA), moradores e turistas levaram oferendas ao mar para renovar pedidos e agradecer pelas graças alcançadas. No entanto, muitas praias ficaram repletas de sujeiras, como garrafas PET, galinhas mortas e frutos.
No Brasil a grande mãe Iemanjá encontrou sincretismo com as Nossas Senhoras do catolicismo, como a Virgem Maria, Nossa Senhora dos Navegantes, Nossa Senhora das Candeias dentre outras, e sua festa coincide com o calendário católico, que acontece no dia dois de fevereiro.
Na Bahia, as homenagens são ainda mais tradicionais e é a maior do país. Deu-se início em 1923 quando pescadores ofereceram presentes para agradar a mães das águas pela escassez de peixes. Desde então a festa tornou-se cada vez mais popular e hoje reúne milhares de fiéis. Em Recife e São Paulo a festa acontece dia oito de dezembro, no dia da Nossa Senhora da Conceição.
Na homenagem, as oferendas são tradição e os presentes podem ser flores, sabonetes, espelhos, perfumes, bonecas e até jóias que, organizadas em balaios de vime, são jogadas no oceano como ritual. De acordo com a tradição se os balaios afundarem é sinal de que a divindade aceitou os presentes.
Mesmo sendo parte da realidade e religiosidade brasileira, o cenário que fica depois das homenagens não é nada animador. No Rio de Janeiro, por exemplo, a praia estava dominada por cocadas, bandejas de pipoca, galinhas mortas, garrafas PET, espelhos, pentes, melancias dentre outros coisas oferecidas à rainha do mar e que acabam custando muito caro para o meio ambiente.
Everton Alfonsin, presidente da Federação Afro Umbandista e espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers), diante da poluição do mar disse: “se Iemanjá gostasse de sujeira, ela não devolveria tudo o que se coloca na beira da água. Isso (deixar lixo na beira da praia após as oferendas) não é postura de religioso.”
Pensando nisso, e no tempo de decomposição de cada material ofertado, Alfonsin propôs para este ano, a Campanha Praia Limpa para Iemanjá, a proposta é utilizar materiais que não agridam o meio ambiente como barquinhos feitos de papelão e jornal, mais ecologicamente correto do que os tradicionais de madeira e vime.
Ele acredita que o valor da oferenda está no propósito de dar e não no objeto em si. “Quem tiver de largar fruta no mar, que dê para as pessoas comerem. Se tiver que jogar perfume, coloque só o líquido, se a pessoa for ofertar brinquedos, entregue para as crianças que estiverem na praia. A essência da nossa religiosidade é a natureza”, explica.
No barco ecológico, os pedidos são escritos em papel crepom, somente o líquido do perfume é lançado, além de algumas oferendas em cera.
Pai Cleon de Oxalá, que realiza homenagens a Iemanjá há 35 anos, em Tramandaí (RS), já não utiliza mais garrafas e plásticos.
O objetivo da Campanha é proteger o meio ambiente. De acordo com Everton, o lixo foi reduzido em 40% comparado ao ano passado na Cidreira (RS). Com a missão de limpar a orla, garis passaram na manhã seguinte para remover os resíduos que voltaram.
Por Fernanda D'Addezio -  Redação CicloVivo
Siga as últimas notícias do CicloVivo no Twitter

Nenhum comentário: