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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A arte que grita comemora os 15 anos do Museu de Arte Contemporânea


Frans-Krajcberg
Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói apresenta exposição com 28 peças e 15 fotografias do artista plástico Frans Krajcberg, que representam um alerta pela natureza
“Minhas obras são gritos.” Aos 90 anos, o artista polonês radicado no Brasil Frans Krajcberg ainda é questionador como um jovem: “Trata-se de um alerta pela salvação do nosso planeta e das nossas florestas. É bom lembrar que nessas florestas, que estão sendo destruídas, também vive um povo, que não tem para onde ir.” O aviso do pintor, escultor e fotógrafo é dado na forma de 28 peças e 15 fotografias, que fazem parte da exposição comemorativa dos 15 anos do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC). Em obras de grandes dimensões, salta aos olhos a negritude da mata queimada, motivo da contestação que Krajcberg expõe, após mais de 50 anos dedicados à preservação da natureza.
 A partir de 2 de setembro e até 23 de outubro, o público poderá ter contato com o premiado trabalho de Krajcberg, que conquistou o mundo das artes - com pinturas, fotografias e esculturas - ao apresentar peças confeccionadas a partir de cipós e troncos de árvores queimadas. Sua matéria-prima foi recolhida em suas andanças pela Amazônia, Pantanal e por Nova Viçosa, na Bahia, onde o artista mora, quase isolado, desde 1972. “Tenho me dedicado a obras de dimensões monumentais e só é possível executá-las em Nova Viçosa, onde tenho espaço e material necessários”, explica Krajcberg, que trouxe uma nova coleção de fotografias para expor na varanda do MAC.

Proteção

“São fotos da natureza, é necessário proteger”, reflete o artista, em luta constante pelo meio ambiente. Nos seus cliques, a mão permanece firme para captar desde coloridas flores ao carvão na mata devastada. Em destaque na exposição, um registro da vegetação em chamas, que parecem mais reais com o tratamento de luz da exposição. O artista as tem como denúncias, na luta por preservação. Incansável, se pôs a percorrer as pequenas praias ao redor do MAC, acompanhado de uma pequena máquina digital, amiga quase inseparável.
 Com seu tempo dividido em exposições (a anterior foi aberta em Salvador, no Palacete Rodin) e debates sobre ecologia, Krajcberg se apropria cada vez mais das fotografias: “Fico feliz de usar a fotografia como meio de expressão. Terminamos a primeira década do século XXI e a arte ainda não abriu a porta deste novo século. Apenas a fotografia, que não era considerada arte no século passado, está criando uma nova linguagem”, explica o artista, que morou no Paraná e até em uma caverna em Minas Gerais.

Ano das florestas

Quando levado a refletir sobre as comemorações do Ano Internacional das Florestas, celebrado em 2011, Krajecberg olha em volta do Museu de Arte Contemporânea e constata: “Quase não há mais árvores.” Talvez por isso tenha levado obras tão grandes que não couberam no museu, nem na área exterior: “Por causa do vento”, ele explica. A preocupação do artista não reside apenas na natureza, mas também nos povos que lá habitam. Porém, segundo ele, o aviso vale para todos: “Espero que minha obra e minha posição em defesa do meio ambiente sirvam de alerta. Senão, onde iremos comprar água para beber, num futuro próximo?”
 A luta por um futuro melhor ecoa na voz de um homem que, no mínimo, batalhou para viver. Polonês de nascença, sofreu as agruras da Segunda Guerra Mundial, onde combateu a Alemanha nazista. Chegou ao Brasil em 1948 e, aos poucos, se viu avesso a multidões, o que o levou a morar em Monte Alegre, no Paraná e depois em Minas Gerais, na região de Itabirito. Atualmente, mora em Nova Viçosa, no sul da Bahia, onde mantém seu ateliê no Sítio Natura e reside em uma casa na árvore, a sete metros do chão.

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