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quinta-feira, 3 de março de 2011
EcoAgência
Ciclistas fazem manifestação em Porto Alegre por convivência e respeito
Mais de duas mil pessoas pedem ciclovias e justiça no caso do atropelamento de ciclistas. Manifestações de apoio acontecem em várias cidades do Brasil e de outros países. Prefeitura confirma reunião com ciclistas para próximo dia 10
Adriane Bertoglio Rodrigues
Manifestação na noite de ontem no Paço Municipal
Por Adriane Bertoglio Rodrigues - especial para EcoAgência
Do bebê de colo ao aposentado. Mais de duas mil pessoas de todas as idades participaram da manifestação dos ciclistas de Porto Alegre contra o atropelamento da última sexta-feira (25) e percorreram cinco quilômetros, do Largo Zumbi dos Palmares à Prefeitura, onde foram recebidos pelo secretário de Governança, Cezar Busato. Das 18h30 às 21h, palavras de ordem pedindo "Justiça", e coros entoando "menos carro, mais amor, o povo quer ciclovia e metrô", "paz e amor, menos motor", e "uma bicicleta, um carro a menos", ecoaram pelas ruas José do Patrocínio, cruzando a Lopo Gonçalves, Lima e Silva, Fernando Machado e Borges de Medeiros. Durante o percurso até a Prefeitura, várias manifestações. Ataduras, folhes brancas e cartazes simbolizavam sofrimento e paz. Vereadores, artistas, empresários e estudantes defendem a convivência pacífica de pedestres, ciclistas e motoristas.
"Temos que viver e conviver bem, porque a cidade é de todos nós", disse o secretário Busato, ao apoiar a criação de um Grupo de Trabalho entre representantes da EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) e dos movimentos de ciclistas. A decisão foi acompanhada pela presidenta da Câmara Municipal, vereadora Sofia Cavedon (PT). Para ela, como regime de urgência, a Prefeitura deve pintar ciclofaixas, já previstas no Plano Cicloviário de Porto Alegre. "Definir um espaço compartilhado e seguro pode começar a chamar a atenção dos motoristas e do próprio ciclista. As pessoas precisam ser sensibilizadas", diz Sofia, ao anunciar que o pedido de medidas emergenciais será encaminhado ao prefeito nos próximos dias.
Para o também vereador Beto Moesch (PP), o atropelamento é uma das consequências da falta de ciclovias, de bicicletários e de educação no trânsito. "Se tivéssemos segurança, não teria acontecido, assim como essa manifestação mostra o quanto a cidade quer e precisa de ciclovias", diz Moesch. Para ele, a audiência pública prevista para o dia 7 de abril, na Câmara Municipal, deve acelerar o processo de implantação da ciclovia de quase 500 quilômetros, prevista no Plano Cicloviário de Porto Alegre. De acordo com o Plano, as ciclovias devem ser implantadas até 2025. "É muito tempo para uma cidade que tem 700 mil veículos, um carro para cada dois habitantes", critica Moesch.
Valores
Jovens, estudantes e professores percorreram a manifestação, que também foi acompanhada por representantes do Vida Urgente, que há 15 anos defende a vida no trânsito. "Nosso trabalho voluntário prega o valor da vida. Precisamos dar mais valor à vida", defende Ananda Paradeda, estudante e atriz, que lamenta "a covardia enorme que aconteceu".
"Vivemos esse risco todo dia", salienta Fábio Tentardini, professor de Educação Física e skatista, ao observar que "o que vale é a lei do mais forte". Mesmo assim, aconselha as pessoas a não se abalarem com o fato do atropelamento. "Andem nas calçadas, mas não deixem de utilizar a bicicleta e o skate", sugere.
De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito, o ciclista não pode andar nas calçadas. "No trânsito, os motoristas buzinam pra assustar e, nos parques, as pessoas se queixam de dividir o espaço. Onde pedalar?", pergunta Marina Maia, que participa de pedaladas desde o final do ano passado e usa a bicicleta como meio de transporte para ir ao trabalho. Exemplo similar ao de Alexandre de Tomazewsky, professor de História, conhecido como Fariseu. "Rasguei minha carteira de motorista há 10 anos e vou pedalando ou caminhando até cada uma das cinco escolas onde trabalho", diz.
Pressão
Na calçada da Rua Lima e Silva, no bairro Cidade Baixa, a moradora Maria de Lourdes Pereira acompanha o vai-e-vem dos helicópteros da imprensa e a passagem dos manifestantes. "A manifestação tá bem legal. Não esperava tanta gente. Acredito que esse movimento pressione as autoridades a construírem ciclovias", diz, ao considerar uma estupidez o incidente da última sexta-feira.
Para o cartunista Santiago, morador da Cidade Baixa, "há males que vêm para o bem". Ele explica que o debate sobre o trânsito há muito tempo tinha que estar na mídia, "tremendamente comprometida com as montadoras", denuncia. Sua opinião é defendida por Denis Beauchamp, canadense e autor do livro A Casa Limpa da Faxineira Ecológica. Para ele, o carro é a ponta do iceberg do trânsito em Porto Alegre. "Vemos todos os dias a fragilidade do ciclista, cuja vida é colocada em risco", diz, ao contar que a primeira vez que usou bicicleta em Porto Alegre, há quatro meses, foi atropelado por um caminhão, e o outro, que vinha logo atrás, passou por cima de seu meio de transporte. "Quem pedala aqui é corajoso", afirma. Denis salienta que a força popular e política da manifestação não vai permitir que a prefeitura permaneça escondida e calada. "Já que o Executivo defende a realização do Fórum Social Mundial, o mínimo que pode fazer é oferecer ciclovia. Não tem porque não ter ciclovias aqui. Agora é a hora".
Força popular
A grande manifestação surpreendeu a funcionária pública Andrea Luçardo, que diz usar a bicicleta o máximo possível e que até hoje não sofreu nenhum incidente. Para ela, o trânsito é sempre uma loucura, seja de bicicleta, de carro ou a pé. Com 10 anos, a estudante da 5ª série Jordana Espinosa diz não ter medo de pedalar, hábito quase diário que mantém com a mãe. Para ela, a manifestação pode alertar os motoristas para que respeitem os ciclistas e que não avancem os sinais. "Isso até ajuda o meio ambiente", completa.
Além de diversão, saúde e não poluição, a bicicleta é uma alternativa para o trânsito, mas é vista principalmente como uma prática esportiva. O comentário é da artista plástica Vera Vignatti, que pedala há seis anos com o grupo Raia Sul e diz não ter coragem de sair sozinha. "Em grupo é mais seguro, mas o que falta é o poder público investir mais em ciclovias".
O poder das mídias sociais
A participação de mais de dois mil simpatizantes e apoiadores dos ciclistas impressionou muitas pessoas, mas já era esperada por Ricardo Onofrio, integrante do Massa Crítica. "Os movimentos sociais têm se propagado pela internet. Há cinco anos, não teríamos câmeras nem celulares com ferramentas capazes de gravar e disseminar essas imagens. Hoje tudo é documentado e provado, e as respostas são instantâneas", diz. Onofrio considera o atropelamento um ato hediondo. "Ele (Ricardo Neis) assumiu o risco quando atropelou nossos amigos", argumenta, ao destacar que "ele foi covarde, agredindo as pessoas pelas costas, por isso queremos justiça".
Logo após a manifestação, a juíza Rosane Michels decretou prisão preventiva a Ricardo Neis, a pedido da Polícia Civil, que enquadrou o atropelador por tentativa de homicídio duplamente qualificado. Neis, bancário do Banco Central, foi internado no Hospital Parque Belém, em Porto Alegre. Na manhã desta quarta-feira (2), a Polícia cumpriu o mandado de prisão, e Neis foi transferido para o Instituto Psiquiátrico Forense, onde deve permanecer sob custódia da Polícia, com acompanhamento médico. O advogado de defesa, Jair Junko, antecipou que pedirá o habeas corpus do acusado, que já responde a processos por agressão física e por trafegar na contramão. Por ser funcionário do Banco Central, há inclusive possibilidade dele ser transferido para trabalhar em Recife (PE).
Quem? Onde?
O Massa Crítica é um movimento de ciclistas que defende o uso da bicicleta como meio de transporte saudável e ecológico para todos. Integrantes e simpatizantes se reúnem para pedalar todas as últimas sextas-feiras de cada mês, com saída às 18h30, do Largo Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre.
Na última sexta-feira (25), mais de cem ciclistas percorriam a Rua José do Patrocínio, quando foram atropelados pelo carro dirigido por Ricardo Neis. Nove pessoas foram levadas ao Hospital de Pronto Socorro da cidade. Todas foram liberadas sem ferimentos graves. O motorista fugiu do local sem prestar socorro. Várias manifestações de apoio acontecem em diversas cidades.
Nesta quarta-feira (2), haverá Bicicletada em solidariedade aos ciclistas de Porto Alegre no Rio de Janeiro, com saída às 18h da Cinelândia, em frente ao Cine Odeon. Também na quarta, em Curitiba, haverá pedalaço a partir das 18h no pátio da Reitoria da UFPR. Brasília também se prepara para realizar uma manifestação ciclística. Na última segunda-feira (28 de fevereiro), a Bicicletada de São Paulo movimentou a Avenida Paulista, com centenas de manifestantes.
Próximas pedaladas:
Nesta quinta-feira (3), às 19h, será oferecido aconselhamento jurídico gratuito para os participantes do Massa Crítica. O encontro será na Cidade da Bicicleta, na rua Marcílio Dias, 1091, bairro Menino Deus.
Em Buenos Aires também haverá apoio aos ciclistas de Porto Alegre. A solidariedade será prestada no dia 6, domingo, às 16h, junto ao Obelisco, na Praça da República.
No dia 10, quinta-feira próxima, a Prefeitura e os ciclistas se reúnem no auditório da EPTC, para programarem uma série de melhorias no trânsito, que deem mais segurança aos ciclistas, skatistas e motoristas.
No dia 15 de março, terça-feira, as Comissões de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos (Cedecondh) e a de Urbanização, Transporte e Habitação (Cuthab) da Câmara de Porto Alegre farão reunião conjunta, com a presença dos integrantes do Massa Crítica e autoridades, para tratar do trânsito na capital gaúcha e dos recentes acontecimentos que envolveram o atropelamento de ciclistas.
No dia 7 de abril, a Câmara de Porto Alegre volta a tratar do tema, desta vez em audiência pública, às 19 horas, no Plenário Otávio Rocha do Legislativo.
Além disso, "para a última sexta-feira deste mês, dia 25, se o tempo estiver bom, a expectativa é de que a pedalada do Massa Crítica seja a melhor e maior da história", salienta Luís Macarini, integrante do movimento.
Mais informações em http://massacriticapoa.wordpress.com/ EcoAgência
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Leonardo Madeira - 02/03/11 - 17:17
Acho essencial a construção de ciclovias imediatamente, não apenas em Porto Alegre mas em todos os centros urbanos. Na minha cidade praticamente não existe ciclovia, por que a ciclovia que aqui se encontra é tão pequena que não dá para fazer um pedalaço, além do mais é em uma rua que dá acesso ao presídio. E isso intimida qualquer ciclista que tem uma bike de valor estimável ou inestimável. O apoio aos ciclistas é fundamental como exemplo de solidariedade mas também deveria ser praticado por aqueles que detém o poder, sendo essa solidariedade estabelecida pela construção de novas ciclovias livrando os ciclistas, dos quais eu sou um, de tais psicopatas como esse do Banco Central.
Cláudia Dreier - 02/03/11 - 21:28
Adri, ficou ótima sua cobertura da manifestação. Parabéns!!! aos poucos ganhamos território para os seres humanos em detrimento das máquinas. Congratulações ao NEJ por manter esse importante trabalho no jornalismo em prol da vida.
créditos link aqui.
Postado por
Telma Cavalcanti
às
04:59
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Notícias e Eventos 2011
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