São Paulo: medicamentos ganham programa Descarte Consciente
É inevitável. Ao fim de um tratamento de saúde é comum sobrar medicamentos e aí vem a pergunta: o que fazer com os eles?
 A resposta é importante.  Segundo a Anvisa, só na capital paulistana são vendidos no varejo 170  milhões de produtos farmacêuticos por mês. Faz pouco tempo, remédios  vencidos ou em desuso iam parar no lixo comum ou no vaso sanitário,  hábito que pode causar a contaminação da água e do solo por substâncias  químicas. 
Mas, desde o final do ano  passado, foi inaugurado o programa Descarte Consciente. Aprovado pela  Secretaria de Saúde da cidade de São Paulo, o projeto é criação da  Brasil Health Service (BHS), empresa de tecnologia e inovação em saúde,  em parceria com a rede Droga Raia e a Medley. Ele já conta com 13 postos  de recolhimento de fármacos na cidade de São Paulo. Além disso, as  Unidades Básicas de Saúde da Prefeitura de São Paulo também recebem  medicações fora de uso. Os pontos de coleta estão em expansão. Na  capital, A rede Pão-de-Açúcar e a Drograria São Paulo estão criando seus  próprios programas. Fora dela, o Descarte Consciente já tem 3 pontos em  Limeira (SP) e, em breve, deve chegar a Belo Horizonte e Porto Alegre. A  prefeitura do Rio de Janeiro também foi procurada, mas até agora não  manifestou interesse.
Todos os postos de recolhimento  são equipados com a Ecomed, uma estação coletora de resíduos de  medicamento. A estação oferece três compartimentos de depósito: um para  pomadas e comprimidos, um para líquidos e sprays e outro para caixas e  bulas, que devem ser rasgadas antes do descarte. Os coletores têm  aberturas do tipo boca de lobo e portas com fechamento a chave,  impedindo a retirada do material depositado. Antes de fazer o descarte, o  consumidor registra o tipo do medicamento que deverá depositar por meio  do leitor de código de barras da Ecomed, sistema que permite o  rastreamento de remédios controlados evitando que esse tipo de medicação  seja desviada e revendida ilegalmente.
Os dados registrados na máquina  são usados para a elaboração do preservômetro – um índice que permite ao  consumidor acompanhar quanto foi recolhido e quais os benefícios dessa  coleta para o meio ambiente. De acordo com estimativas do pesquisador e  sócio da BHS, Joe Roseman, cada quilo de medicamento recolhido deixará  de contaminar 450 mil de litros de água e, segundo projeções do  especialista, cerca de 186 toneladas devem ser coletadas no primeiro ano  de funcionamento do programa.
É importante lembrar que mesmo  as embalagens primárias – aquelas que entram em contato com a medicação –  são consideradas como resíduos perigosos, já que podem ter sido  contaminadas, e devem ser descartadas corretamente junto aos remédios.
Da Ecomed, o material é levado  pelo Departamento de Limpeza Urbana (Limpurb), órgão gerenciador dos  serviços prestados na cidade de São Paulo, para a destinação final  correta. Medicamentos vencidos e produtos químicos são enviados para  usinas de incineração certificadas, enquanto seringas e agulhas são  encaminhadas para uma usina de tratamento para serem descontaminadas e,  em seguida, são mandadas para aterros especiais.
O Descarte Consciente já chegou a  Limeira, no interior de São Paulo, e sua implantação em Belo Horizonte e  Porto Alegre já está sendo negociada. O número de postos de descarte  ainda deve crescer bastante. Segundo o diretor-presidente da BHS, José  F. Agostini Roxo, a rede Droga Raia pretende alcançar a marca de 200  lojas equipadas com a Ecomed. Espera-se que o programa chegue também ao  Rio de Janeiro, mas ainda não foi possível chegar a um acordo com os  gestores da capital carioca. “No Rio de Janeiro não é feito esse tipo de  coleta e, ainda assim, a prefeitura está nos dizendo que não vai se  comprometer com o recolhimento e a destinação final do material”, afirma  Roxo.
Outras redes já têm  projetos-piloto ou pensam em iniciá-los. O Grupo Pão de Açúcar, em  parceria com a Eurofarma, inaugurou postos para descarte de medicamentos  no fim de 2010 em cinco drogarias dos seus supermercados. Se esse  projeto piloto for bem sucedido, o serviço deve ser estendido às 154  lojas do grupo que têm farmácias em suas instalações. Já a Drogaria São  Paulo, líder no varejo farmacêutico no país, já está em negociação com o  Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo para oferecer o  recolhimento de remédios em suas lojas.
(O ECO)

 
 
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