Tempo de festas juninas
Por Adoro ViagemDe São Paulo à Caruaru
OS COSTUMES
Apesar das pingas, dos doces típicos brasileiros, das roupas caipiras, do forró e o baião, a verdadeira origem da festa junina não é do Brasil. É muito mais antiga do que a idade do país e vem lá da Europa com suas tradições pagãs. O motivo era o solstício de verão, quando o dia é mais longo que a noite, afinal quanto mais tempo de diversão melhor. Com a Idade Média e a cristianização de todas as festas e costumes, a data passou a ser associada à São João. Veja a tradição dessa festa nos diferentes países, em "Festas Juninas pelo Mundo".
Aliás, os santos são completamente atormentados nessa época, porque é nas festas juninas o momento para pedir tudo o que desejar. No nordeste, São Pedro costuma ser bastante homenageado para contribuir com um bom tempo, sendo gentil para as plantações, e pelo Brasil inteiro mulheres clamam a Santo Antônio para conseguir um namorado ou marido....não custa nada...vai que dá certo... Ao contrário de oferecer mimos ao santo a regra é fazê-lo sofrer...Coloca-los atrás da porta, dentro da geladeira ou enterrado até o pescoço, são medidas tomadas por muitas solteironas(os).
Além das simpatias outros ítens são indispensáveis. Um deles a fogueira. Se em uma Europa pré-medieval, sem eletricidade, ela servia para esquentar e iluminar a festa da população, na lenda católica Isabel, prima de Maria, acenderia a fogueira sobre um monte para avisar o nascimento de João Batista, (o próprio São João) querendo dizer na verdade: "prima, venha me ajudar!"
Os balões e fogos de artifício são um costume trazido de Portugal, que além do efeito pirotécninco bonito, serviria para acordar São João. Nas terras lusitanas as pessoas escrevem pedidos em pequenos pedaços de papéis, que são colocados junto ao balão para subir aos céus, até o santo. Atualmente a prática é proibida por lei no Brasil, já que afinal de contas, tudo o que sobe, também desce. E tirando os piromaníacos ninguém precisa fazer um pedido assim, tão incendiário.
Outra cultura importada é a quadrilha, que tem origem na dança de salão francesa chamada quadrille, por sua vez inspirada em uma dança camponesa da Inglaterra. Ela veio para cá no século XIX, quando a elite portuguesa e brasileira importava todas as últimas modas francesas, seja nas roupas, arquitetura ou nos hábitos. Com o passar do tempo, o ritmo francês começou a se misturar à cultura brasileira tipicamente rural, até chegarmos no tradicional compasso binário: "Olha a cobra, olha a chuva" e por aí vai...
No Brasil, temos dois tipos principais de festa junina: A nordestina com muito forró, baião, xote e uma comilança capaz de alimentar a cidade inteira e a caipira (típica de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás), muito ligada às quermesses das igrejas.
FESTAS IMPERDÍVEIS
Vamos ao que interessa as festas que valem a pena conferir em terras brazucas. (Se estiver passeando pela Europa confira a lista das festas mais legais aqui.)
Festas não são somente diversão (isso é apenas a maior parte). As comemorações ocorridas em cidades do Norte e Nordeste dão impulso à economia local. As cidades Cruz das Almas e Ibicuí disputam o título de Maior São João do Mundo, embora Caruaru seja a oficial no Guinness Book, na categoria festa country (regional) ao ar livre. Por sua vez Juazeiro do Norte no Ceará e Mossoró no Rio Grande do Norte disputam o terceiro lugar.
Nordeste
Campina Grande na Paraíba, tem o maior São João segundo dados da EMBRATUR. Os circuitos de arraiais que duram todo o mês de junho, contam com muito forró pé-de-serra tradicional, que se intercala com o forró eletrônico moderno, reunindo uma multidão de 1,5 milhão de pessoas todos os anos no centro da cidade, em volta do palco montado no Parque do Povo. Como na época da festa os hotéis costumam ficar lotados, moradores que previamente registraram suas casas na prefeitura, e cujos lares atendem todas as exigências da vigilância sanitária, abrigam aqueles que chegaram atrasados para a festança. É a melhor forma de imersão na cultura local. A festa é tão boa que mesmo quem não conseguiu se hospedar na cidade, dá um jeito de ficar nos municípios próximos, que muitas vezes também ficam lotados.
Em Caruaru, Pernambuco, a sanfona, zabumba, pífano, triângulo e muitos outros instrumentos, compõe o forró e xaxado que tocam incessantemente durante o mês inteiro. A festa ficou famosa pela quantidade de quadrilhas acontecendo em todos os cantos da cidade, e todas muito originais! Se você não é do tipo que gosta de participar cuidado, você pode ser interceptado na rua, de repente, por uma das quadrilhas que passeiam por toda a cidade. Alguns exemplos são a Turisdrilha composta só por turistas, a Babydrilha só das crianças pequenas, a Motodrilha para os casais motoqueiros rock´n´roll que estiveram por lá e a Gaydrilha, já que na quadrilha esse casamento já acontece faz tempo. Na parte de culinária, a cidade vive tentando quebrar os recordes a cada ano, criando algum tipo de pé-de-moleque gigante ou o maior cuzcuz já feito no mundo. Além da festa e da -drilha que mais te interessar, um ótimo lugar para conhecer a cultura local é a feira permanente do Parque 18 de Maio, ótimo lugar para comprar lembrancinhas.
Sudeste
Não tem jeito, se você não for para uma cidade do interior onde todos vão para o centro comemorar o grande evento, você não vai se entregar plenamente ao espírito caipira. Em São Paulo a cultura country e caipira está mais do que na moda com baladas de sertanejo universitário em toda parte além dos circuitos de rodeios. Muitas tradições de festa juninas são mantidas o ano todo. Mas se não for sair da capital especificamente, as festas mais tradicionais são a do Clube Pinheiros, que reúne artistas famosos e todo tipo de pessoa, desde as peruas associadas ao clube com suas bolsas de grife a tiracolo até alunos do colegial que estudam na redondeza. A do Jokey Club pesa mais para um lado country do que caipira, ideal para ir de camisa xadrez e botas de couro. No estilo quermesse, uma das maiores é a da Igreja do Calvário, misturando várias tradições, onde é possível encontrar barraquinhas uma ao lado da outra, servindo quantão, yakissoba, acarajés, fogazzas e pizzas,com aquilo que o paulistano mais aprecia, a combinação de culturas.
Norte
Seguindo a rota de Belém a Manaus, a festa por lá é chamada de Caboclada e a manifestação cultural mais importante é a do Boi-Bumbá, com competição entre apresentações de diversos grupos. O mais famoso é o Festival Folclórico de Parintins, realizado desde 1913. Com algumas variações de enredo e atualmente as chamadas "meias luas", versões simplificadas da história, a que costuma predominar, sendo a mais característica, é a do Maranhão, que apesar de ser parte do nordeste, compartilha a tradição do norte, com o Bumba-meu-boi. A história conta sobre Pai Francisco, um empregado de uma fazenda que mata um boi do seu amo para atender aos desejos de comer a língua de sua esposa grávida. Para acalmar o amo furioso com o "roubo", pajés e curandeiros ressuscitam o boi. Com momentos dramáticos e cômicos, pode ser considerada uma das apresentações folclóricas mais bonitas do Brasil.
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Crédito das Fotos: Divulgação
É tempo de festas juninas
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