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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Gastronomia Orgânica: porque cada dia mais gente entra nessa onda

Entrevistamos a idealizadora do Festival de Gastronomia Orgânica de São Paulo para saber segredinhos desta culinária que, a cada dia, atrai mais gente

Publicado em 12/12/2011
Lígia Menezes

Salada Luz
A comida orgânica é mais rica nutricionalmente e é toda cultivada em harmonia com o meio ambiente
Foto: Reprodução / Vida Simples
A diferença entre gastronomia orgânica e a convencional vai além do modo de cultivo dos alimentos. O sabor e o valor nutricional oferecido por eles não é semelhante. Esse, aliás, é um dos motivos pelos quais essa culinária atrai, a cada dia, novos seguidores. Para explicar melhor essa e outras diferenças, conversamos com Leila D, organizadora e idealizadora do Festival de Gastronomia Orgânica de São Paulo.
O que é a gastronomia orgânica?
É uma gastronomia com produtos sem agrotóxico, onde a adubagem é também orgânica, o solo é mineralizado antes... O mais importante é que ela é mais rica nutricionalmente e é toda cultivada em harmonia com o meio ambiente. Até a água da rega é supervisionada. Além disso, existe uma combinação de plantas cultivadas no mesmo solo, plantas que combinam e se ajudam. Não é igual à monocultura, que é tudo uma coisa só. O cultivo orgânico é feito por muitas pessoas, sem máquinas, dá mais trabalho. Por isso que o alimento é vendido mais caro e é mais difícil de encontrar. Hoje, em algumas feiras de rua já têm a parte orgânica. Há um projeto da Secretaria de Abastecimento, de colocar várias bancas em todos os mercados municipais e em feiras de rua. Mas já existe, hoje, muita possibilidade de encontrar mais barato. Dá mais trabalho, claro, não pode ter preguiça de ir às compras e procurar.
E, afinal, qual é a diferença entre gastronomia convencional e orgânica?
Há grande diferença no sabor. E, nutricionalmente, a orgânica é muito mais rica. Faça o teste: se você comer orgânicos por três meses, seu paladar será limpo e você vai perceber a diferença de sabor. Você vai perceber o gosto real do alimento, o quanto o tomate é doce, a alface, a manga... Estamos acostumados com agrotóxicos. Isso faz com que a gente perca até 40% do sabor. Estamos adormecidos, não temos mais paladar, somos cheios de conservantes. Por isso que estamos adoecendo cada vez mais.
A culinária orgânica é contra o preparo no micro-ondas?
Sim. Há pesquisas seríssimas realizadas na Espanha e na Suíça, que apontam que o micro-ondas aquece de dentro pra fora, ele age na molécula do alimento. Até hoje ninguém sabe o que acontece na comida e para onde vão os minerais e antioxidantes. Fora que o micro-ondas queima todos os nutrientes dos alimentos. Essas pesquisas mostram que as crianças estão perdendo a memória por causa do micro-ondas. Desde pequenas, têm seus leites aquecidos ali. Para quem não quer perder tempo, aconselho utilizar forno elétrico. Ele é tão rápido quanto!
Chef Leila D
Chef Leila D, organizadora e idealizadora do Festival de Gastronomia Orgânica de São Paulo
Foto: Reprodução/ Vida Simples

E tudo bem comer carne?
Não. O mundo precisa parar de comer carne, não tem cabimento plantar toneladas de grãos para alimentar um animal, apenas para comermos o animal. Isso não é sustentável. A indústria da carne é um grande problema, os animais são confinados, cheios de hormônio para crescer, ter musculatura. Acredito que se você quiser comer carne, deve criar seu animal e abatê-lo, além de ser responsável pelo lixo que ele causa. Estão acabando com a Floresta Amazônica para criar gado. Isso não vai matar a fome do mundo, é apenas o poder econômico de alguns que manda.
Há diferença no público dessas duas culinárias?
O público de orgânico é mais consciente e preocupado, pois procura um alimento mais saudável.
É possível que um prato gourmet seja orgânico?
O prato gourmet é mais elaborado do que os tradicionais. Há combinações de ingredientes, mais harmonia, despertando os sentidos ao degustar. Isso é igual nas duas gastronomias. O que diferencia é o aproveitamento total do alimento. Uma beterraba, uma cenoura, um abacaxi... No preparo tradicional, não usamos tudo isso, porque têm muitos agrotóxicos. O produto orgânico precisa ser usado ao máximo, não se joga nada fora. Por exemplo, na alta gastronomia tradicional, as pessoas usam apenas a parte branca da cebolinha, a parte verde é jogada fora, isso é um desperdício. Com a cenoura ocorre a mesma coisa: quando se corta quadradinha, o resto dela não é aproveitado, até por causa da estética do prato na hora de montar. No gourmet orgânico, criamos outras coisas para aproveitar tudo do alimento.
Quais são os benefícios que a culinária orgânica traz para a nossa vida?
Mais saúde e sustentabilidade. Prevenção de doenças, como câncer, depressão, alergias e hipertensão. A alimentação é o que somos. Temos que pensar nisso antes de comer qualquer coisa.
O que o Festival de Gastronomia Orgânica apresentou de novidade?
Todas as oficinas do festival (2011) são sobre culinária viva, ou seja, quando os alimentos são aquecidos até 40 graus apenas. Assim, não perdemos enzimas, os nutrientes ficam mais puros e a absorção é melhor.
O que se espera desse festival?
Além da difusão de uma nova forma de vida, queremos uma melhora no hábito alimentar da população.

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