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A destruição das florestas e a caça ameaçam os nossos primatas, um dos grupos mais diversificados do mundo

28/12/2011 - 07:30
Terra da Gente

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Dedo de prosa
Convicção e indignação
A última reportagem, nesta edição, da série especial Primatas do Mundo, nos remete à pergunta em destaque na primeira reportagem, na edição de julho: Sou parente de macaco? Uma leitora nos escreveu, à época, num misto de convicção e indignação: “Eu não sou parente de macaco, não. Só se for quem escreveu isso”. A reação da leitora – que certamente espelha a de tantas outras pessoas, principalmente as adeptas da teoria religiosa do criacionismo – confirma o escrito pelo autor da série, o biólogo e doutor em Ecologia João Paulo Krajewski: “Dizer que somos parentes diretos mais próximos destes macacos é uma simplificação muito grande”.
Bem, a história toda pudemos ler naquela e nas demais reportagens da série. Ficou bem compreensível para todos nós que, do ponto de vista biológico, primatas e humanos pertencem a uma mesma e grande família. E mais: compartilhamos 99% do nosso DNA com os chimpanzés. Previsivelmente, a série atingiu os dois objetivos propostos: 1 – esmiuçar quem são e por onde se distribuem os primatas pelo mundo e a nossa relação de parentesco com eles; 2 – conscientizar-nos de que muitas espécies de primatas estão ameaçadas de extinção, principalmente no Brasil, por culpa nossa. Uma série para ler, reler, colecionar, debater.
Depois deste banho de conhecimento científico e da realidade dos primatas, não podemos ficar indiferentes. Evolucionistas e criacionistas podem continuar debatendo, defendendo seus pontos de vista não importa se apoiados em pesquisas científicas ou convicções religiosas. O que deve unir todos é convicção e indignação. Indignação contra os desmatadores, os que derrubam a “casa” dos macacos e ajudam a extinguir, mesmo que localmente, espécies raras. E convicção de que todos os primatas precisam e merecem viver – sejam aceitos como nossos parentes ou não. Basta o fato de serem seres vivos, e, como tais, importantes no equilíbrio do ecossistema onde vivem.
Para a mais insensível e egoísta das criaturas humanas, um último argumento para garantir um galho para cada macaco: os primatas são dispersores de sementes, semeadores das florestas que garantem o equilíbrio climático e a água na torneira de casa, na lavoura de onde saem os nossos alimentos e na indústria onde eles são processados. O seu conforto – e até seu luxo, por que não – têm a ver, em boa parte, com os nossos parentes desta grande família biológica a que todos pertencemos. Salvar os primatas é ajudar a salvar a nossa própria espécie.
Página 5.
Sumário
Relevo – Palácios inacabados
O conjunto de cavernas de Terra Ronca, no município de São Domingos, localizado no nordeste de Goiás, abriga pelo menos 40 grutas e cavernas. A mais famosa delas é a Terra Ronca, com um salão que impressiona pelo tamanho: 760 metros de extensão e 100 metros de altura. O nome curioso foi dado por causa do barulho da água que circula no local, parecido a de um ronco.
Página 8.
Mundo – As notas de Dezembro:
A Amazônia está próxima do limite do desmatamento.
Não mais um globinho na aula de geografia
Iniciativa privada pode gerenciar parques
De bike alugada pela Cidade Maravilhosa
Mesmo sob desafios, produção de biodiesel deve crescer
Lata branca de Coca-Cola pela vida dos ameaçados ursos polares
Aventureiros refazem a expedição secular ao Polo Sul
Não basta usar os dentes; é preciso rosnar
Na falta de predadores, o desequilíbrio é inevitável
Página 10.
Quase desconhecidos – Berçário
Um berçário diferente, de cabeça para baixo: um “ninho” de morcegos-das-frutas (Artibeus lituratus). No começo eram duas fêmeas grávidas e outras duas já com seus filhotes. Uma semana depois, mais duas fêmeas com seus bebês ocuparam o local. Isso porque morcegos frugívoros têm olfato desenvolvido e o cheiro das fêmeas com suas crias pode atrair outras amigas grávidas. Página 13.
Biodiversidade – Para que servem os insetos?
Os insetos são importantes para o equilíbrio dos ecossistemas como polinizadores e ajudam o homem como bioindicadores e no combate às pragas na agricultura. Mas ainda são pouco estudados e não ganharam o merecido reconhecimento. Página 14.
Flora – Ouro branco colorido e orgânico
O algodão colorido está de volta, agora com novas cores, fibras mais fortes e cultivo orgânico. Vantagens para a indústria, o meio ambiente e a saúde dos trabalhadores bem aproveitados por uma cooperativa no Nordeste. Página 19.
Conservação – A floresta de São Chico
Com visitação pública, pesquisas, reflorestamento e plano de manejo, a maior das florestas nacionais do Rio Grande do Sul é exemplo de uso sustentável dos recursos naturais para a conservação de fauna e flora de dois biomas. Página 27.
Observador – Nada é por acaso
Durante o acompanhamento de uma expedição na Floresta Amazônica com o objetivo de pesquisas como minimizar o impacto ambiental da construção de usinas hidrelétricas na região, o foco eram as ararajubas, mas quem virou estrela foi o caçula, o menor passarinho do Brasil. No mesmo dia, o encontro com uma onça-pintada caminhava pela estrada. A observação da menor ave brasileira e do maior predador da floresta foi possível não por “obra do acaso”, mas porque a natureza nos reserva presentes. Página 31.
Especial: Primatas do mundo – Na corda bamba
O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em variedades de primatas. Mas também é dos que mais têm espécies ameaçadas de extinção, por causa da destruição das florestas e da caça. A sobrevivência de nossos macacos depende de conscientização e da multiplicação dos poucos e isolados exemplos de abnegados conservacionistas. Página 33.
Gente da Terra – O poliglota da natureza
O guia de campo e guarda-parque Gilberto do Nascimento Silva conduz pesquisadores estrangeiros pela Floresta Amazônica. Ele não sabe falar em inglês, mas sua fluência nas inúmeras línguas que aprendeu com os bichos é o suficiente. No Parque Nacional da Amazônia, ele também documenta a diversidade da fauna presente e aprendeu que, antes de mais nada, é preciso respeitar a floresta. Página 46.
Internacional – A natureza democrática
O Parque dos Lagos de Plitvice, na Croácia, preserva uma das últimas amostras de mata virgem da Europa, 16 belos lagos, dezenas de cachoeiras e ricas e diversificadas fauna e flora. Um refúgio ecológico declarado Patrimônio da Humanidade e, com a democratização do país, descoberto pelos turistas como um dos mais belos parques europeus. Página 48.
Ponta da Linha – O maior e mais emocionante
Um dourado de 22 quilos, no trecho argentino do rio Paraná, é o maior já fisgado por um repórter do programa Terra da Gente. Um recorde para o pescador esquecer todos os infortúnios da viagem. Página 56.
Receitas – Doces, bárbaros e modernistas
Fernando Kassab cria quatro receitas para as festas de fim de ano, inspiradas nas pinturas modernistas, marca de talento da Semana de Arte Moderna de 1922, que em fevereiro de 2012 completa 90 anos. Página 62.
Cultura Popular – O cineasta da natureza
A poluição dos rios, a escassez de peixes, a reciclagem, a falta de verde na cidade foram alguns dos problemas ambientais levantados por Mazzaropi, que rodava seus filmes em cenários naturais, com árvores que ele mesmo plantava. Página 66.
Foco on-line:
Planta do mês: Urucum (Bixa orellana)
Programa Terra da Gente – Salmão-rei do Alasca: A segunda etapa da pescaria do salmão-rei na última fronteira americana, o Alasca; as geleiras e algumas espécies marinhas.
Gincana e “Aves da Hora”: Chega ao fim a promoção “Aves da Hora”, que premiou oito internautas com relógios e livros do ornitólogo Dalgas Frisch. E o grande vencedor da Gincana Terra da Gente 2011 viajou com a equipe do programa para Alta Floresta (MT).
Página 76.
Fundo infinito – Coisa de macho
O beija-flor-de-orelha-violeta (Colibri serrirostris) abre seu par de orelhinhas e exibe seus belos brincos. Mas não se engane: esse comportamento é típico dos machos na hora de defender a flor de outro colega de sua espécie. Página 78.
Estante
Publicações:
Água – Conservação e Cultura
Amazônia de Euclides
Fotografia de Natureza
Meio Ambiente e Gestão do Conhecimento
Produtos:
Biodegradáveis nos pés
Para ir à escola
Sem água na produção
Página 80.
Semear – Seu celular não é descartável
O descarte errado dos aparelhos de celular traz danos à saúde e ao meio ambiente, com a contaminação do solo e da água. Além disso, há a perda de materiais que poderiam ser reciclados e reaproveitados para a produção de novos produtos ou para a geração de energia elétrica. Página 82.