O serviço de logística reversa em
relação ao lixo eletrônico ainda não foi absorvido pela maioria das
empresas brasileiras. “Temos empresas que já oferecem o serviço de
logística reversa de eletrônicos e temos empresas que ainda não fazem”,
disse à Agência Brasil o diretor do Compromisso Empresarial para a
Reciclagem (Cempre), André Vilhena.
Por isso, segundo ele, a recomendação do
Cempre aos consumidores é que no ato da compra, além de qualidade e
preço, “ele inclua no critério de compra uma opção que a empresa dê
para o fim da vida útil do aparelho”. Vilhena explicou que esses
programas variam hoje de acordo com a característica do equipamento
eletroeletrônico. “Aí estão incluídos, por exemplo, computadores,
pilhas, celulares”.
Se o fabricante já oferece o serviço, o
consumidor terá, ao final da vida útil do aparelho, a opção de
devolvê-lo a uma rede autorizada ou encaminhá-lo por correio, com porte
pago. É preciso ver no Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da
empresa ou no manual de instruções qual é a alternativa, indicou o
diretor.
Em relação a celulares, Vilhena disse
que todas as operadoras atualmente recebem aparelhos e carregadores nos
próprios pontos de venda. Os produtos são encaminhados depois para
reciclagem no Brasil ou no exterior, dependendo de sua característica.
“Mas nem todos os fabricantes fazem isso. Então, o que nós recomendamos
é que o consumidor faça a diferenciação na compra também considerando
esses aspectos”.
Não há ainda números que tracem um
retrato da produção e do descarte de lixo eletroeletrônico no Brasil.
André Vilhena analisou que os dados disponíveis até o momento, que
foram divulgados em 2010 pela Organização das Nações Unidas (ONU), não
podem ser extrapolados para o Brasil porque tiveram como foco apenas a
cidade de Belo Horizonte.
Ele ressaltou que ainda não é um hábito
do consumidor brasileiro devolver o equipamento fora de uso ao
fabricante. “Depende do livre arbítrio dele”, declarou. Por isso, disse
ser difícil ter uma estatística sobre devolução, porque o hábito é
pouco comum no país. Para André Vilhena, é importante que sejam feitas
campanhas para orientar o consumidor de que existe a possibilidade de
devolver o equipamento à empresa produtora.
O diretor do Cempre destacou, também, a
importância de saber manusear o produto ao fim de sua vida útil. Para
isso, existem cursos oferecidos pela Universidade de São Paulo (USP) e
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que orientam e
habilitam quem trabalha no ramo de comércio de sucata para que aprenda a
manusear equipamentos eletroeletrônicos de forma adequada.
Na visão de Adriana Charoux,
pesquisadora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), “a
atual forma de gestão dos resíduos repete uma lógica de exclusão, de
favorecimento de grupos empresariais poderosos e não a população de uma
forma geral”. Por isso, ela considera fundamental que os governos
invistam em uma política de fortalecimento das cooperativas de
catadores de material reciclável, de modo a assegurar trabalho decente
para essas pessoas, além de incentivar o consumo responsável.
No caso de pilhas e baterias, que contêm
metais pesados, o Idec alerta que elas não podem ser descartadas junto
com o lixo doméstico, porque contaminam o meio ambiente. O ideal,
recomenda, é procurar um posto de coleta apropriado. Algumas
instituições já desenvolvem programas nesse sentido, no país.
Um deles é o Papa-Pilhas, criado em 2006
pelo Banco Real, hoje Santander, que já recolheu e reciclou até o ano
passado mais de 589 toneladas de materiais, como pilhas, baterias
portáteis, celulares, laptops, câmeras digitais e outros aparelhos
eletrônicos. A reciclagem é feita por uma empresa especializada e
licenciada. Os custos de coleta, transporte e reciclagem são arcados
pelo Santander. Atualmente, o programa contabiliza cerca de 2,8 mil
postos de coleta instalados em agências da instituição, em todo o país.
Fonte: Alana Gandra/ Agência Brasil
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