Começou na última sexta-feira, dia 21, e vai até o dia 6 de março, no Museu José de Dome – Charitas, a exposição “Certos Olhares” do artista plástico Jorge Cerqueira. Nascido no interior do Rio de Janeiro e radicado em Cabo Frio há 30 anos, Jorge Cerqueira traz de herança o sentido do espaço e a mistura da erudição com a noção da nobreza do trabalho.
Autodidata e vocacionado para o desenho, não teve estudos formais nas artes, mas, mais tarde, freqüentou oficinas, workshops e seminários em busca de mais informações. Conviveu com professores de primeira linha, como Astréa El-Jaik, Sandro Donatelo, Chalau Deveza, Heloisa Pires Ferreira, Marilia Rodrigues e Charles Watson, entre outros, e se requintou, permanecendo, contudo, fiel aos fundamentos da sua inspiração básica, ligado por estudos, trabalhos e afinidades à Escola de Artes Visuais do Parque Lage, casa referencial no contemporâneo carioca.
Artista da geração 70, Jorge Cerqueira trabalha com um estilo expressionista instintivo e simbólico - “O percurso complicado da gravura, desenho, novas mídias, à pintura, que gerou angústia nos artistas diante do mote “volta à pintura”, na década de 80, começa pelo próprio tempo a ser superado. O domínio técnico e a maturidade nas discussões completam o ciclo da reabilitação da pintura para os novos artistas. Mote que desenvolveu em incursões no terreno da liberdade interior visando à pluralidade de meios e linguagens, e que atendeu, neste arejamento, desde reivindicações humanas e culturais, até necessidades e imposições conjunturais políticas, econômicas e de mercado.
Ambigüidades ainda não digeridas, mesmo porque não parece ser esta a proposta e sim a de, até por coerência, manter em aberto a situação e as discussões. Neste terreno multifacetário, que entre outros elementos se equivalem à visualização, ao emocional, à teorização instantânea e à historicidade, o estado duplo passa a ser o fundamento da arte. Neste tempo, a pintura de Jorge Cerqueira apresenta a figuração através da exploração sensível da matéria pictórica, desmarcando o universo específico da pintura.
Estes trabalhos, impulsionados pelo gestual, emocional, projetam uma interioridade que suplanta a mera subjetividade, provocando o estado duplo, onde num processo de autonomia contextualizada o autor perde a autoria e mergulha na poética visual coletiva”. (Crítica de Joice Gumiel Passos, membro da ABCA).
O Charitas fica aberto à visitação de terça-feira a domingo, das 14h às 19h (terças a sextas) e das 14h às 20h (sábados, domingos e feriados).
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