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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ideia Sustentável

Tecnologia e Inclusão Social

Por Ruth Harada*
Muito se fala sobre a inclusão social. Para considerarmos um indivíduo incluído socialmente, ou seja, um cidadão com plenitude de direitos, é necessário observarmos diversos aspectos. O conceito de cidadania envolve itens básicos como emprego, moradia, alimentação e educação. Porém, em um mundo em que a tecnologia cada vez mais é utilizada para conectar pessoas, formar opiniões e agilizar a comunicação, será que podemos pensar em cidadania sem pensarmos em inclusão digital?
Há pouco tempo, o acesso à tecnologia poderia parecer algo secundário. Mas isto mudou à medida que a mesma passou a ser cada vez mais usada para automatizar processos e agilizar rotinas diárias, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Hoje, há diversos projetos já em andamento visando colaborar com este objetivo.
Porém, é necessária uma análise cuidadosa do que de fato significa “Inclusão digital”. A expressão já foi sinônima de saber usar o computador. Depois, passou a significar saber navegar na internet e ter um email. Hoje, os recursos expandiram-se e ganharam novas proporções com o uso disseminado das redes sociais para os mais diversos fins, inclusive profissionais.
Para que este potencial gerado pela tecnologia seja aproveitado da melhor forma, é necessário um investimento das empresas em mais ações que promovam a inclusão digital no seu sentido mais amplo. Já existem iniciativas que buscam aumentar o número de pessoas com acesso à internet e outros recursos tecnológicos, mas não é só isto. Há também diversas formas de utilizar a tecnologia para promover o engajamento em projetos de voluntariado e também para aprimorar a capacitação de jovens e profissionais.
Um exemplo que destaco é o projeto chamado Plurall. Trata-se de uma solução tecnológica, fruto de uma parceria entre instituições públicas e privadas. O projeto consiste em uma solução terminais-servidor que possibilita a montagem de redes locais de informática a partir de um servidor e de computadores antigos, sem disco rígido, reciclados como terminais.
O Plurall reúne uma série de etapas em um único CD de distribuição, permitindo que pessoas com um conhecimento básico de tecnologia possam criar e manter suas próprias redes. O projeto já beneficiou diversas instituições brasileiras em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Curitiba. Podemos mencionar o caso do Quilombo de Ivaporunduva, no Vale do Ribeira, onde jovens podem cursar a Universidade usando ensino remoto em um laboratorio Plurall, sem ter que sair de seu local de origem.
Também vale mencionar a World Community Grid (que pode ser traduzida como ‘Comunidade Mundial de Grade’) – https://secure.worldcommunitygrid.org – um bom exemplo de como a tecnologia pode ser utilizada para promover o engajamento social. Trata-se de uma rede mundial de computadores formada a partir de diversas máquinas conectadas ao redor do mundo. O engajamento é voluntário, ou seja, qualquer pessoa pode doar o tempo ocioso do seu computador para pesquisas científicas.
Desta forma, é possível desenvolver pesquisas como a que visa desenvolver medicamentos direcionados ao tratamento da esquistossomose. Este estudo está sendo desenvolvido em parceria com a Inforium e Fundação Oswaldo Cruz – MG (Fiocruz) de Minas Gerais. Parcerias anteriores já permitiram, por exemplo, a realização de um projeto de comparação de genomas no Brasil, com o objetivo de obter uma melhor compreensão das funções de proteínas e genes ainda não decifrados pelos cientistas. Já são mais de 520 mil pessoas inscritas e mais de 1,5 milhões de computadores envolvidos.
Analisando as iniciativas já existentes, percebemos que se trata de uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo em que a tecnologia ajuda a trazer mais cidadãos para o centro da sociedade, permite também que aqueles que têm boas condições sociais envolvam-se em projetos que visam a melhoria de vida de toda a população.
As empresas podem desenvolver seus negócios de forma lucrativa e, mesmo assim, contribuir para o bem-estar das comunidades em que estão inseridas. Os governos podem encontrar na tecnologia uma forte aliada para prestar um serviço público de mais qualidade, ao mesmo tempo em que controlam seus custos. Afinal, um planeta inteligente se faz com o uso dos recursos em prol do bem comum.
* Ruth Harada é diretora de Cidadania Corporativa da IBM Brasil
créditos, link aqui.

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