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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ideia Sustentável

Liderança Sustentável

Por Alessandro Carlucci*
Há uma convergência de opiniões de que o Brasil vive um momento extremamente positivo e de maior confiança no futuro diante da evolução de indicadores econômicos, sociais e ambientais.
Ao longo dos últimos anos, avançamos no campo socioambiental, ampliando nossas áreas de conservação, diminuindo o desmatamento da Amazônia e criando políticas públicas, programas e instituições orientadas para a preservação.
No entanto, ainda que promissora, esta é uma fase em que somos convidados a pensar e implementar um novo modelo de desenvolvimento, capaz de aliar produção, consumo, conservação e uso sustentável da nossa rica sociobiodiversidade.
Após duas semanas de discussões, a Décima Conferência das Partes (COP-10) fechou um acordo internacional para a proteção da biodiversidade, e os países signatários da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) adotaram o Plano Estratégico 2011-2020. Embora não tenha peso de lei internacional, o Plano Estratégico foi firmado com importantes metas.
Os países signatários também aprovaram o Protocolo de Nagoya, protocolo de Acesso e Repartição de Benefícios dos Recursos Genéticos da Biodiversidade. O acordo estabelece a soberania de cada país sobre os recursos de seu patrimônio genético e que o acesso a esses recursos só pode ser feito com o consentimento da nação produtora, obedecendo à legislação nacional.
Apesar de progressos no âmbito global, os esforços para combater a perda de nossa biodiversidade precisam ser substancialmente fortalecidos, a partir de avanços nacionais e locais. O valor de nosso patrimônio genético deve ser levado em consideração, de maneira transversal e estratégica, pela iniciativa privada e pelo governo, na formulação de políticas públicas.
Diante desse cenário, o Brasil tem condições de consolidar sua liderança nos debates nacionais e internacionais sobre o tema, assumindo que a sua rica sociobiodiversidade, utilizada como plataforma de pesquisa e inovação de maneira sustentável, poderá trazer diferenciais competitivos para o país, criando novas oportunidades de desenvolvimento.
Se construirmos uma sólida visão de longo prazo e considerarmos a sociobiodiversidade um pilar estratégico, teremos condições de alavancar sólidos vetores de crescimento, assumindo ambições como: a transformação do país em um polo de biotecnologia mundial; a consolidação da liderança brasileira na produção de bioenergia; a valoração de nossos serviços ecossistêmicos, a fim de promover a inclusão social e a geração de novas fontes de riqueza para o país; e ainda a atração de investimento internacional para o desenvolvimento de novas tecnologias.
Propor soluções inovadoras para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade é responsabilidade de toda a sociedade, mas a evidência do tema convida as empresas a assumir imediatamente esse compromisso.
É crescente o entendimento da sustentabilidade como valor, e vemos cada vez mais empresas que procuram se posicionar de maneira a aliar sustentabilidade e inovação, criando novos ciclos de crescimento. Vemos, também, um posicionamento mais ativo dos consumidores na valorização de iniciativas sustentáveis.
O setor empresarial deve ter o papel de um importante agente de mudanças, com potencial para promover uma necessária evolução dos processos produtivos e influenciar o processo de transformação dos atuais modelos de desenvolvimento. Há, aqui, uma grande oportunidade para a criação de novos negócios, de novos empregos e de novas competências.
Para tanto, devemos empreender esforços para a superação de gargalos decorrentes de um imperfeito marco regulatório de acesso ao patrimônio genético, que cria barreiras à inovação, gera incertezas jurídicas e afasta a iniciativa privada.
É imperativa a construção de uma nova legislação que de fato promova a conservação e o uso sustentável da biodiversidade brasileira, criando um ambiente seguro para a pesquisa e o desenvolvimento. Isso só será possível se o próximo governo fizer desse desafio uma de suas prioridades.
Somos um país megadiverso, com muitas riquezas culturais, sociais e ambientais. Devemos assumir como vocação fundamental a conservação e o uso sustentável da biodiversidade, inseri-la na visão de futuro do Brasil e servir de inspiração para outros países.
*Diretor-presidente da Natura
créditos, link aqui.

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