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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Poetas ocupam o Centro do Rio com rimas, palavras, atitudes

Publicado: 3 de outubro de 2011

POETAS OCUPAM O CENTRO DO RIO COM RIMAS, PALAVRAS, ATITUDES
Luis Turiba
“A poesia é a mãe das artes e das artimanhas em geral”. Sempre que podia, o tropicalista Torquato Neto mandava essa naqueles idos e vividos anos de chumbo e troça.
Na sua concepção, a poesia funcionava como argamassa da amálgama cultural brasileira. Já Ezra Pound, grande mestre da poética do século XX, apostava que “o poeta é a antena da raça”. Ou seja: aquele que antevê, que liga, ocupa e ilumina. Com palavras e artimanhas.
Agora, a poesia viva volta a vagar pelo centro do Rio de Janeiro, onde já funcionam a Academia Brasileira de Letras (ABL) e a Biblioteca Nacional, dois dos mais importantes ícones do mundo letrado brasileiro. Junte-se pois a essas históricas instituições, novas hordas de poetas que se chegam de todos os cantos do Rio para plantar, nas antes abandonadas ruínas do centro, novas árvores de palavras, rimas, sonoridades e tiradas de criatividade de corpo e mente. Os sinais são visíveis.
Semana passada, por exemplo, no espaço poético CEP 20000 dirigido pelo cariopoeta Chacal, esse “centrão” foi enredo de um recital do grupo Farani Cinco Três, que funciona soltando versos na escuridão, com iluminação à base de lanternas compradas nos camelôs do Saara.
“Não aceitamos cheques/ diz o letreiro/ nessas ruas tem de tudo/ de Sant’anna a Uruguaiana/ de cotia a camelô/ cristão, judeu, muçulmano/ árabe, hindu, coreano…/ Não é deserto, é humano / Santa Sara, Saravá, SAARA!”, sacou uma poeta. “Na esquina da João Pessoa com a Mem de Sá/ a última ponta, o último gole no gengibre/ a última ronda/ Olhos vermelhos caçam/ bocas vermelhas querem/ nem sempre se encontram/ já é sábado”, responde outra.
O centro do Rio, da zona portuária ao aeroporto Santos Dummond, tendo Avenida Rio Branco como eixo nervoso e a Lapa como maior zona boêmia-musical da cidade, passa por um conturbado processo de ocupação e revitalização. Há um Circuito de Convivência Cultural que pulsa organicamente. Junte as pontas – Praça Mauá, Praça XV, CCBB, Praça Tiradentes, Cinelândia, Alerj, Candelária, etc- e teremos um dos maiores espaços de  múltiplas vivências artísticas e culturais do planeta.
Semana que entra agora, por exemplo, os poetas assumem formalmente cadeiras, mesas e microfones nos teatros, botequins e cafés do Centro.
Terça-feira, dia 4, dezenas deles sairão do Real Gabinete Português de Leitura, outro paraíso livresco, numa “Caminhada Esvoaçante Lendo um livro entre Anjos e Demônios”, liderados por Chacal e o grupo Os Siderais.
Irão lendo diferentes poemas (ao mesmo tempo) rumo ao Teatro Carlos Gomes. Antes, farão um recital relâmpago na Praça Tiradentes. Participarão do happening inúmeras tribos. A passeata poética tem título: “A palavra no centro”. E até um hino: “a palavra no centro da cidade de deus do diabo/ a palavra no centro de cada um de nós/ a palavra no centro o tempo todo lá dentro / a palavra no centro aqui da praça Tiradentes”.
Pronto, começou mais uma ocupação poética. A palavra faz história. O centro do Rio jamais será o mesmo.
(texto do poeta e jornalista Luis Turiba, publicado originalmente no blog do autor)
“A poesia é a mãe das artes e das artimanhas em geral”. Sempre que podia, o tropicalista Torquato Neto mandava essa naqueles idos e vividos anos de chumbo e troça.
Na sua concepção, a poesia funcionava como argamassa da amálgama cultural brasileira. Já Ezra Pound, grande mestre da poética do século XX, apostava que “o poeta é a antena da raça”. Ou seja: aquele que antevê, que liga, ocupa e ilumina. Com palavras e artimanhas.
Agora, a poesia viva volta a vagar pelo centro do Rio de Janeiro, onde já funcionam a Academia Brasileira de Letras (ABL) e a Biblioteca Nacional, dois dos mais importantes ícones do mundo letrado brasileiro. Junte-se pois a essas históricas instituições, novas hordas de poetas que se chegam de todos os cantos do Rio para plantar, nas antes abandonadas ruínas do centro, novas árvores de palavras, rimas, sonoridades e tiradas de criatividade de corpo e mente. Os sinais são visíveis.
Semana passada, por exemplo, no espaço poético CEP 20000 dirigido pelo cariopoeta Chacal, esse “centrão” foi enredo de um recital do grupo Farani Cinco Três, que funciona soltando versos na escuridão, com iluminação à base de lanternas compradas nos camelôs do Saara.
“Não aceitamos cheques/ diz o letreiro/ nessas ruas tem de tudo/ de Sant’anna a Uruguaiana/ de cotia a camelô/ cristão, judeu, muçulmano/ árabe, hindu, coreano…/ Não é deserto, é humano / Santa Sara, Saravá, SAARA!”, sacou uma poeta. “Na esquina da João Pessoa com a Mem de Sá/ a última ponta, o último gole no gengibre/ a última ronda/ Olhos vermelhos caçam/ bocas vermelhas querem/ nem sempre se encontram/ já é sábado”, responde outra.
O centro do Rio, da zona portuária ao aeroporto Santos Dummond, tendo Avenida Rio Branco como eixo nervoso e a Lapa como maior zona boêmia-musical da cidade, passa por um conturbado processo de ocupação e revitalização. Há um Circuito de Convivência Cultural que pulsa organicamente. Junte as pontas – Praça Mauá, Praça XV, CCBB, Praça Tiradentes, Cinelândia, Alerj, Candelária, etc- e teremos um dos maiores espaços de  múltiplas vivências artísticas e culturais do planeta.
Semana que entra agora, por exemplo, os poetas assumem formalmente cadeiras, mesas e microfones nos teatros, botequins e cafés do Centro.
Terça-feira, dia 4, dezenas deles sairão do Real Gabinete Português de Leitura, outro paraíso livresco, numa “Caminhada Esvoaçante Lendo um livro entre Anjos e Demônios”, liderados por Chacal e o grupo Os Siderais.
Irão lendo diferentes poemas (ao mesmo tempo) rumo ao Teatro Carlos Gomes. Antes, farão um recital relâmpago na Praça Tiradentes. Participarão do happening inúmeras tribos. A passeata poética tem título: “A palavra no centro”. E até um hino: “a palavra no centro da cidade de deus do diabo/ a palavra no centro de cada um de nós/ a palavra no centro o tempo todo lá dentro / a palavra no centro aqui da praça Tiradentes”.
Pronto, começou mais uma ocupação poética. A palavra faz história. O centro do Rio jamais será o mesmo.

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