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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Poesia de Natal de Vinícius de Moraes

Poesia de Natal de Vinícius de Moraes

18 12 2009
Presépio, autor desconhecido.


Natal
——
                                                       Vinicius de Moraes
—–
De repente o sol raiou
E o galo cocoricou:
—–
— Cristo nasceu!
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O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:
— Aonde? Aonde?
—-
Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:
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— Em Belém! Em Belém!
—-
Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:
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— Foi sim que eu estava lá!
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E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar: — É mentira!
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Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.
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O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!
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Brava
A arara a gritar começa:
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— Mentira! Arara. Ora essa!
—-
— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
—-
— Num estábulo! — o cavalo
Contente rincha onde foi.

Bale o cordeiro também:
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— Em Belém! Mé! Em Belém!
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E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.
—-
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Marcus VINÍCIUS da Cruz DE Melo e MORAES (RJ 1913-RJ 1980), diplomata, jornalista, poeta e compositor brasileiro.
Livros:
O caminho para a distância (1933)
Forma e exegese (1935)
Ariana, a mulher (1936)
Novos Poemas (1938 )
Cinco elegias (1943)
Poemas, sonetos e baladas (1946)
Pátria minha (1949)
Antologia Poética (1954)
Livro de Sonetos (1957)
Novos Poemas (II) (1959)
Para viver um grande amor (crônicas e poemas) (1962)
A arca de Noé; poemas infantis (1970)
Poesia Completa e Prosa (1998 )

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