Poesia de Natal de Vinícius de Moraes
18 12 2009Presépio, autor desconhecido.
—
—
Natal
——Vinicius de Moraes
—–
De repente o sol raiou
E o galo cocoricou:
—–
— Cristo nasceu!
—-
O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:
— Aonde? Aonde?
—-
Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:
—-
— Em Belém! Em Belém!
—-
Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:
—-
— Foi sim que eu estava lá!
—–
E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar: — É mentira!
—–
Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.
—–
O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!
—-
Brava
A arara a gritar começa:
—–
— Mentira! Arara. Ora essa!
—-
— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
—-
— Num estábulo! — o cavalo
Contente rincha onde foi.
—
Bale o cordeiro também:
—-
— Em Belém! Mé! Em Belém!
—-
E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.
—-
——
Marcus VINÍCIUS da Cruz DE Melo e MORAES (RJ 1913-RJ 1980), diplomata, jornalista, poeta e compositor brasileiro.
Livros:
O caminho para a distância (1933)
Forma e exegese (1935)
Ariana, a mulher (1936)
Novos Poemas (1938 )
Cinco elegias (1943)
Poemas, sonetos e baladas (1946)
Pátria minha (1949)
Antologia Poética (1954)
Livro de Sonetos (1957)
Novos Poemas (II) (1959)
Para viver um grande amor (crônicas e poemas) (1962)
A arca de Noé; poemas infantis (1970)
Poesia Completa e Prosa (1998 )
Nenhum comentário:
Postar um comentário