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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Mitos indígenas

Histórias do dia e da noite. Povos Ticuna e Xavante

Histórias do dia e da noite. Povos Ticuna e Xavante

A SAMAUMEIRA QUE ESCURECIA O MUNDO

No princípio, estava tudo escuro, sempre frio e sempre noite.
Uma enorme samaumeira, wotchine, fechava o mundo, e por isso não entrava claridade na terra.

Yo´i e Ipi ficaram preocupados. Tinham que fazer alguma coisa. Pegaram um caroço de araratucupi, tcha, e atiraram na árvore para ver se existia luz do outro lado. Através de um buraquinho, os irmãos enxergaram uma preguiça-real que prendia lá no céu os galhos
da samaumeira.

Jogaram muitos e muitos caroços e assim criaram as estrelas.

Mas ainda não havia claridade. Yo´i e Ipi ficaram pensando e decidiram convidar todos os animais da mata para ajudarem a derrubar a árvore. Mas nenhum deles conseguiu, nem o pica-pau. Resolveram, então, oferecer a irmã Aicüna em casamento para quem jogasse formigas-de- fogo nos olhos da preguiça-real.

O quatipuru tentou, mas voltou no meio do caminho. Finalmente aquele quatipuruzinho bem pequeno, taine, conseguiu subir. Jogou as formigas e a preguiça soltou o céu. A árvore caiu e a luz apareceu. Taine casou-se com Aicüna.

Do tronco da samaumeira caída formou-se o rio Solimões. De seus galhos surgiram outros rios e os igarapés.

Origem: GRUBER, Jussara Gomes (Org.). O livro das árvores. São Paulo : Ed. Global, 2006. páginas 14 e 15


Rómraréhã Rówasu´u - História do tempo da escuridão

Eu vou contar, eu vou contar…
Antigamente o povo A´uwê vivia na escuridão.
Antes da lua. Antes do sol.

Os wapté estavam assando ovos de ma. Comendo. Wapté têm respeito, dizem a verdade entre si.

– Como vocês quebraram os ovos de ema?
– Nós quebramos batendo com os ovos no peito.
– Eu não acredito.
– É verdade! É verdade.

Eles não falaram a verdade. Não falaram.
Ovos de ma assados são muito quentes. É muito quente! Por isso eles inventaram…
Mesmo não acreditando, o wapté bate com o ovo no peito. Então quebra.
Ele grita de dor.

– Asu ruru… Asu ruru…

Corre para o rio. De mão fechada. Grita de dor. Está gemendo.
Ele se joga na água para esfriar o peito. E fica rolando, rolando na água escura. Até no fundo da água.
Ele melhora, fica em pé.
Ele se transforma em lua.
A lua é branca. Brilha. Brilha como ovo de ema.
É assim que surgiu a lua.

Ãné!
* ma- ema
Origem: Sereburã, Hipru, Rupawê, Serezabdi, Serenimirãmi, Wamreme Za´ra-Nossa palavra : mito e história do povo Xavante. São Paulo : Ed.Senac, 1998. página 24
 Créditos : Amoa Konoya - Arte Indígena

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