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quinta-feira, 31 de março de 2011

Santuário da arte rupestre

Parque é santuário da arte rupestre

por Gabriela Lima para o Correio Braziliense
Mesmo depois de milhares de anos, as pinturas do Parque Nacional Serra da Capivara continuam nítidas, o que intriga os pesquisadores. Figuras mostram caça, danças, rituais, sexo e animais da antiga fauna local, como o mamífero que dá nome à região
O sudeste do Piauí é um excelente destino para quem gosta de história e mistério. No Parque Nacional Serra da Capivara, estão catalogados, atualmente, 976 abrigos naturais apontados como sítios arqueológicos — também chamados de tocas —, 654 deles com pinturas rupestres. Entre esses últimos, 172 estão abertos à visitação. Paga-se R$ 10 por dia para ter acesso a uma infinidade de trilhas, além de R$ 50 pelo serviço do guia (o preço vale para um grupo de até 10 pessoas). Mas são tantas opções que torna-se impossível conhecer todas elas em um dia. Por isso, o ideal é reservar pelo menos uma semana para a viagem.
A capivara, espécie que habita as margens de rios e lagos, apesar de dar nome ao parque, deixou de viver na região há milhares de anos. Só é vista em imagens gravadas nos abrigos. Assim como ela, outros animais desenhados nas rochas — como o veado-galheiro e a tartaruga gigante — comprovam que o sertão do Piauí já foi uma região de clima tropical úmido. Além da fauna pré-histórica, as pinturas rupestres retratam o cotidiano dos antigos habitantes da região, com cenas de caça, dança, rituais e sexo.
Pesquisadora da Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), a arqueóloga Gisele Daltrini Felice explica que, até o momento, só se conhece a matéria-prima do pigmento básico das pinturas. A cor vermelha, predominante nas figuras piauienses, se deve ao minério de ferro retirado das rochas da região. Mas o fixador da tinta, que permitiu à arte rupestre permanecer tão nítida por milhares de anos, ainda é uma incógnita para a ciência.
As pinturas por si mesmas já justificariam incluir a Serra da Capivara no seu próximo roteiro de férias. Mas esse universo encantador vai muito além da superfície dos desenhos. Quem embarca nessa aventura pode se surpreender tanto com as descobertas paleontológicas quanto com a beleza da caatinga. Conheça a seguir os principais pontos a serem visitados, destacados por importância histórica, beleza natural e facilidade de acesso.
Patrimônio cultural
Simplesmente imperdível é o roteiro conhecido como circuito do Boqueirão da Pedra Furada, em que as principais atrações são adaptadas a cadeirantes, com rampas e passarelas. O acesso à entrada principal do parque se dá pela BR-020, no pequeno município de Coronel José Dias (a 36km de São Raimundo Nonato). Os turistas contam com um centro de totalmente estruturado, com lojas de suvenires, um minimuseu de peças paleontológicas, banheiros e uma lanchonete.
Uma curta caminhada leva ao Boqueirão da Pedra Furada, sítio que abriga a mais importante e mais polêmica descoberta arqueológica na região: vestígios de uma fogueira com datação de 50 mil anos. Suas paredes abrigam pinturas sobrepostas, nas cores vermelha, branca e amarela, de diferentes épocas de ocupação. Esse passeio é o único que pode ser feito à noite. O visual dos desenhos primitivos sob a luz de refletores, em meio ao barulho dos bichos noturnos na mata, é emocionante. O passeio tem custo de R$ 50 por grupo de até 12 pessoas.
Imagem mais famosa da serra, a Pedra Furada não pode ficar de fora do roteiro. Ao pé do monumento natural, há um anfiteatro, palco do Festival Cultural Acordais, realizado no início do mês de novembro, com muita música, dança e teatro apresentados por artistas locais e nacionais. O local já abrigou eventos internacionais e serviu de cenário para gravações de uma parte do filme Onde está a felicidade?, dirigido por Carlos Alberto Riccelli e estrelado pela atriz Bruna Lombardi. A produção tem previsão de lançamento para este ano.
Perto dali está a Toca do Sítio do Meio, a segunda mais importante do parque. Nela, foram encontrados os vestígios de uma fogueira com datação de 22 mil anos e a machadinha de pedra polida mais antiga das Américas. As pinturas rupestres do local estão desgastadas, mas ainda dá para identificar registros importantes, como o desenho de um ser humano coletando mel, segundo interpretações dos historiadores.
créditos, link aqui.

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